A aprovação da nova lei ligratório nos Estados Unidos preocupa a Santa Sé e a Igreja
dos paises implicados
O Chanceler da Academia Pontifícia de Ciências Sociais, D. Marcelo Sánchez Sorondo,
manifestou a preocupação da Santa Sé perante a possível aprovação no Senado norte-americano
da “Lei Sensenbrenner”, a qual propõe a construção de um muro de alta segurança na
fronteira sul, com o México, e coloca os imigrantes ilegais na categoria de criminosos,
além de prever penas para as pessoas ou instituições que os ajudarem.
Em declarações
à imprensa dos EUA, o prelado lembrou que “todos os povos foram imigrantes” e que
a migração é “uma das características da globalização”.
Este responsável defendeu
também a liberdade e o direito de se movimentarem que têm os 400 milhões de migrantes
que existem no mundo. Fechar as portas é uma atitude “contra a ordem natural e contra
a ordem cristã”, advertiu.
D. Sorondo esclareceu que não é seu objectivo fazer
“uma declaração contra a Lei”, mas lembrou que “o homem tem o direito de emigrar e
as comunidades e os povos têm o direito de receber os que emigram, estabelecendo certas
regras”.
Bispos e responsáveis de várias confissões religiosas estão a mobilizar-se
nos EUA para pedir uma legislação mais justa, humana e orgânica sobre a imigração.
A Comissão de Assuntos Judiciários do Senado norte-americano aprovou segunda-feira
a ideia de um estatuto para "trabalhador convidado", que permitirá aos candidatos
à emigração preencher legalmente as necessidades de mão-de-obra do país. Se for aprovada
no Congresso, cerca de 400.000 candidatos à emigração para os Estados Unidos poderão
beneficiar de uma autorização de trabalho por um período de três anos, o que lhes
permitiria iria viver com a família para o país.
Estas autorizações são renováveis
por uma única vez, após o que o trabalhador deverá regressar ao seu país de origem,
pelo menos provisoriamente, antes de se candidatar outra vez.
O Congresso iniciou
nos dias passados as discussões sobre os diferentes projectos de reforma, tendo como
pano de fundo manifestações que reuniram mais de 500.000 pessoas, sábado, em Los Angeles
– a maior manifestação pacífica nos EUA desde a Guerra do Vietname. O Cardeal Roger
Mahoney, Arcebispo de Los Angeles, já apelou à “desobediência civil” e garantiu que
as organizações eclesiais continuarão a acolher imigrantes em situação irregular,
mesmo que isso seja punido por lei.
Mais de 70 dioceses dos Estados Unidos
comprometeram-se numa campanha directa em favor dos imigrantes. Este domingo a Confederação
dos Bispos Católicos da Califórnia pronunciou-se a favor de uma “reforma migratória
completa”, que inclua a legalização conquistada pelos trabalhadores ilegais com o
seu esforço.
Por sua parte, o presidente da Conferência Episcopal Mexicano
e bispo de León, D. José Guadalupe Martín Rábago, disse em conferência de imprensa
que este não é o momento “de construir muros, mas de levantar pontes que permitam
a integração para o desenvolvimento mútuo, para benefício das populações de um e outro
lado”.