UE-Mediterrâneo: relação com o mundo islâmico maior desafio da Europa
As relações da União Europeia com o mundo muçulmano serão "o desafio mais importante
da Europa nos próximos anos", afirmou o presidente do Parlamento Europeu (PE), Josep
Borrell, perante parlamentares europeus e de países do Mediterrâneo. A crise desencadeada
pelas caricaturas de Maomé e o conflito no Médio Oriente estiveram no centro das intervenções
na sessão plenária da Assembleia Parlamentar Euro-Mediterrânica (APEM) em Bruxelas. Borrel
fez um balanço positivo dos anos que decorreram desde a reunião de Atenas onde se
constituiu a Assembleia Parlamentar Euro- Mediterrânica que reúne parlamentares da
UE e dos dez membros mediterrânicos do Processo de Barcelona - Argélia, Egipto, Jordânia,
Israel, Líbano, Marrocos, Autoridade Nacional Palestiniana, Síria, Tunísia e Turquia. No
entanto, embora se tenha conseguido uma "região mediterrânica extremamente dinâmica",
a verdade é que se assistiu ao "exacerbamento do conflito no Médio Oriente e a um
aumento geral das tensões e da incompreensão mútua", disse o presidente do PE. Salientando
que"se deteriorou o clima político no Mediterrâneo", o presidente do PE sublinhou
a necessidade "urgente de sair desta espiral de confronto", dando conteúdo à Aliança
de Civilizações lançada por Espanha e Turquia sob a égide das Nações Unidas. Para
a comissária europeia dos Negócios Estrangeiros, Benita Ferrero-Waldner, a APEM tem
um papel fundamental para resolver o choque de civilizações, que apelidou como um
"choque de ignorâncias". Na sua opinião, "não se pode negar o ressentimento, a
cólera e a frustração imperantes no mundo muçulmano", cujo elemento primordial é a
"incapacidade de resolver o conflito entre israelitas e palestinianos". Estiveram
ausentes da sessão os deputados israelitas, devido às eleições legislativas que se
realizam nesta terça-feira em Israel.