O Cardeal-Patriarca de Lisboa criticou ontem o que considerou serem situações destabilizadoras
da família, que hoje estão em debate na nossa sociedade.
"A falta de equidade
das leis fiscais, a facilitação e vulgarização do divórcio civil, a consagração das
uniões de facto são dados que criam instabilidade à família que precisa de clareza,
estabilidade e solidez para vencer as inevitáveis dificuldades de um caminho a percorrer",
disse.
O Patriarca apontou o dedo à pretendida legalização de casamentos entre
pessoas do mesmo sexo.“Já começa a perfilar-se na opinião pública a tentativa de legalizar
casamentos entre pessoas do mesmo sexo, atribuindo-lhes os direitos jurídicos da família”,
lembrou, para afirmar que a “posição clara da Igreja” nesta matéria “não é contra
ninguém”, mas toma “a defesa antropológica fundamental da comunidade familiar.”
Na
Catequese para o 4º Domingo da Quaresma, na Sé de Lisboa, o Cardeal-Patriarca declarou
que “salvar a família é hoje uma luta árdua, combate que não podemos deixar de travar
em nome da sociedade que desejamos". "É uma batalha a travar em múltiplas frentes,
que vão do social e cultural, ao político”, justificou.
Relativamente à crise
da família hoje, o Patriarca de Lisboa fala de elementos novos, próprios da idade
contemporânea, tais como “envolvência cultural” que cultiva uma “visão individualista
do ser humano”; as transformações sociais, resultantes do trabalho da mulher fora
do lar e dum tipo de urbanismo provocado pelo aglomerado habitacional das grandes
cidades e subúrbios; e a diminuição da natalidade.
D. José Policarpo pediu
mesmo o empenho de instituições que defendam a família das “agressões directas” que
determinadas forças, apostadas na sua degradação, não cessam de lhe dirigir.
Procriação
medicamente assistida
A catequese quaresmal falou ainda da “fecundidade
do casal”, frisando que “embora a paternidade-maternidade sejam expressão importante
da realização pessoal dos esposos, elas encontram a sua verdade plena na busca, sem
limites, do bem dos filhos”.
Falando a propósito das hipóteses que a ciência
abriu no campo da procriação medicamente assistida, D. José Policarpo precisou que
“o filho não pode ser apenas o objecto de uma auto-realização dos esposos”.
“A
Santa Sé já advertiu, para fazer reflectir sobre as exigências éticas das novas técnicas
de reprodução, que o direito de ter um filho não é um direito absoluto”, recordou.