Na primeira Missa com os neo cardeais Bento XVI recorda neste sábado os últimos dias,
dolorosos e triunfais de João Paulo II que valorizou a dimensão mariana do seu Pontificado.O
Papa pediu aos novos purpurados dedicação á Igreja e ao Sucessor de Pedro
Primeira Missa de Bento XVI com os neo cardeais neste sábado sob o signo de João
Paulo II, desde a recordação do atentado em Maio de 1981 aos dias da sua agonia, á
citação do mosaico mariano com o qual aquele Pontifice quis ornamentar o exterior
da Basilica de São Pedro. Bento XVI celebrou no átrio da Basílica com os 15 purpurados
criados no Consistorio publico de ontem aos quais entregou o anel cardinalício, símbolo
de fidelidade á Igreja e ao Papa. E centrou a homilia na recordação do venerado predecessor,
cujo longo pontificado, há precisamente um ano, entrava na sua fase, dolorosa e ao
mesmo tempo triunfal, verdadeiramente pascal. Na Praça de São Pedro encontravam-se
cerca de 15 mil pessoas provenientes de varias partes do mundo. Muitos os asiáticos,
alguns em trajes regionais, e também africanos com longas túnicas com cores vivas.
A homilia do Papa esteve inteiramente centrada num aspecto particular da herança do
seu predecessor: ter acentuado a dimensão “mariana” do papado ao lado da dimensão
“petrina”. Hoje a Igreja recorda a Anunciação a Maria e celebrar a primeira missa
com os cardeais neste dia, explicou Bento XVI, é uma coincidência providencial que
nos ajuda a considerar o acontecimento de hoje, no qual sobressai de maneira particular
o principio petrino da Igreja, á luz do outro principio, aquele mariano, que é ainda
mais original e fundamental. Depois do Concilio – observou – foi sobretudo João
Paulo II que evidenciou o principio mariano coerentemente com o seu lema Totus tuus:”
na sua espiritualidade e no seu ministério incansável tornou-se manifesta aos olhos
de todos a presença de Maria como Mãe e Rainha da Igreja. Mais do que nunca, esta
presença materna foi advertida por ele no atentado de 13 de Maio de 1981 na Praça
de São Pedro”. Na opinião do Papa o próprio tema da relação entre o principio petrino
e mariano podemos encontrá-lo também no símbolo do anel que entregou hoje ao neo-cardeais. O
anel “sinal nupcial e símbolo de fidelidade - disse Bento XVI aos neo cardeais – deve
reforçar antes de mais o vosso estar unidos a Cristo e o empenho a realizar a missão
de esposos da Igreja. “As duas dimensões da Igreja, mariana e petrina – acrescentou
– encontram-se portanto naquele que constitui a realização de ambas, isto é no valor
supremo da caridade, o carisma maior, o caminho melhor de todos, como escreve o apostolo
Paulo”. “Quem ama, esquece-se de si mesmo e coloca-se ao serviço do próximo. Eis
a imagem e o modelo da Igreja! Cada comunidade eclesial, como a Mãe de Cristo, é chamada
a acolher com plena disponibilidade o mistério de Deus que vem habitar nela e a leva
para os caminhos do amor”, disse.
Em conclusão, Bento XVI convidou todos os
fiéis da Igreja a rezar pelo Colégio Cardinalício, para que este “seja sempre mais
ardente na caridade pastoral, para ajudar toda a Igreja a irradiar no mundo o amor
de Cristo”. Como sempre nestas ocasiões, a celebração litúrgica exprimiu a universalidade
da Igreja com as leituras em várias línguas e as intenções da oração universal dos
fiéis. Rezou-se também em coreano e em dagaari ( língua falada no Burkina Faso
e na zona noroeste do Gana ) e em todas as línguas dos novos purpurados. A Missa
concluiu-se com as notas do Alma Redemptoris Mater, um dos mais antigos trechos em
gregoriano.