IV forum mundial da água: Vaticano defende melhor gestão dos recursos hídricos, e
apela uma cultura da água.
O Vaticano defendeu uma melhor gestão dos recursos hídricos, lembrando que a água
é um bem comum da humanidade, “elemento essencial para a vida”, e que, por isso, deve
ser acessível a todos, sobretudo os mais pobres. Esta posição consta do documento
apresentado pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP) no IV Fórum Mundial da Água,
que decorre no México até 22 de Março.
Este texto actualiza a posição apresentada
pelo Vaticano no III Fórum, realizado em Quioto no ano de 2003. Para o CPJP, esta
é uma oportunidade para reflectir sobre o tema e assumir que “o acesso à água potável
e ao saneamento básico é importante para a família humana”.
O documento fala
num “Direito Humano à água”, frisando que esta é mais do que uma “necessidade básica”,
desempenhando um papel insubstituível para a preservação da vida. Nesse sentido, o
Vaticano pede “garantias internacionais” semelhantes às que existem para assegurar
outros Direitos Humanos, lamentando que o sistema internacional não tenha ainda chegado
a um acordo explícito sobre “o direito à água potável”.
O CPJP alerta para
as “implicações escondidas” em algumas parcerias público-privadas no que diz respeito
à gestão da água e lembra que é sempre ao Estado que compete “garantir o acesso à
água e ao saneamento”. As preocupações do Vaticano são especialmente dirigidas para
“os homens e mulheres que vivem na pobreza, na maior parte das vezes nos países mais
pobres”.
Em conclusão, o Vaticano apela a uma “cultura da água”, que “eduque
a sociedade para uma nova atitude” e aponta para as implicações deste problema em
campos como a paz e a segurança internacionais, pelo que o documento agora apresentado
lembra os vários conflitos já surgidos e fala da água como “um factor estratégico”.
“A
família humana deve ser servida, não explorada. O primeiro objectivo de todos os nossos
esforços deve ser o bem-estar dos homens, mulheres, crianças, comunidades que vivem
nas regiões mais pobres do mundo e sofrem mais com a falta ou o desperdício dos recursos
hídricos”, precisa o documento.