Braga, 17 mar (RV) - O Arcebispo de Braga, Portugal, Dom Jorge Ferreira da
Costa Ortiga, afirmou, nesta quarta-feira, que a ação sociocaritativa da Igreja pode
dar sentido à ação do Estado.
No contexto da pregação por ocasião da Quaresma,
Dom Ortiga, observou, contudo, que "a Igreja não pretende intrometer-se na política,
mas dá sua contribuição para que o que é justo possa ser reconhecido e realizado".
Na
celebração, que reuniu na Catedral dezenas de fiéis, o prelado começou por recordar
"as críticas de origem marxista contra a atividade da Igreja".
"Para os que
criticam, os pobres não teriam necessidade de obras de caridade, mas sim de justiça.
A caridade tranqüilizaria as consciências, manteria o status quo e defraudaria o pobres
nos seus direitos. Pelo contrário, seria necessário criar uma ordem justa, que desse
a todos, o necessário sem necessidade de recorrer à caridade" _ explicou o Arcebispo,
que também sustentou que, na verdade, "é dever do Estado, segundo o princípio da subsidariedade,
garantir esses direitos".
"Santo Agostinho afirmou que se um Estado não se
regesse pela justiça seria reduzido a um grande bando de ladrões": com essa citação,
Dom Ortiga sustentou que "a justiça é o dever central da política".
Dom Jorge
Ortiga recordou que "o amor será sempre necessário numa sociedade justa. "Não há nenhum
ordenamento estatal justo que dispense o amor" _ frisou.
"Um Estado que queira
responder a tudo, transforma-se numa agência burocrática, onde falta a amorosa dedicação
pessoal. Não precisamos de um Estado que regule e domine tudo, mas que reconheça e
apóie as iniciativas que nasçam das diversas forças sociais e conjuguem proximidade
e espontaneidade aos que precisam de ajuda. A Igreja é uma dessas forças que dá a
dimensão do espiritual e que não vai permitir uma concepção materialista da vida"
_ referiu o Arcebispo de Braga. (MZ)