Bento XVI e Patriarca de Moscovo manifestam vontade de dialogar:o Papa pede um aumento
de colaboração e comunhão ; o Patriarca responde que espera uma resolução rápida dos
problemas que se interpõem entre as duas Igrejas
Bento XVI e Alexis II, Patriarca Ortodoxo de Moscovo, manifestaram vontade
comum de avançar no diálogo entre as duas Igrejas. Os líderes cristãos trocaram cartas,
nos últimos dias, onde se sublinham “os gestos e palavras de renovada fraternidade
entre os Pastores do rebanho do Senhor”.
O Papa escreveu ao Patriarca da Igreja
Ortodoxa da Rússia por ocasião da celebração do seu onomástico, a 20 de Fevereiro,
tendo confiado a carta ao Cardeal Roger Etchegaray – o homem das “missões difíceis”
durante o pontificado de João Paulo II. Na missiva, Bento XVI assegura que se começa
a vislumbrar “uma cada vez maior colaboração, na verdade e na caridade”, esperando
que a mesma contribua para “incrementar o espírito de comunhão que deve guiar os passos
de todos os baptizados”.
Neste caminho de comunhão, escreve o Papa, é preciso
lembrar que “o mundo contemporâneo tem necessidade de ouvir vozes que indiquem o caminho
da paz, do respeito por todos, da condenação de qualquer violência, da suprema dignidade
de qualquer pessoa e dos direitos inatos que lhe são devidos”.
Alexis
II sublinha, na resposta que fez seguir para o Vaticano, que “no nosso tempo, o secularismo
está a desenvolver-se rapidamente” e que o Cristianismo “está perante grandes desafios
que precisam de um testemunho comum”.
“Estou convencido de que uma das prioridades
para as nossas Igrejas, que possuem uma visão comum sobre numerosos problemas actuais
no mundo contemporâneo, deve ser a defesa e a afirmação dos valores cristãos, no interior
da sociedade”, acrescenta.
O Patriarca de Moscovo deixa ainda votos para “a
rápida resolução dos problemas que se interpõem entre as duas Igrejas”.
A troca
de cartas foi acompanhado por presentes: o Papa ofereceu uma medalha de ouro do pontificado,
Alexis II ofereceu uma cruz peitoral, como sinal de gratidão e de estima. Apesar desta
vontade de progredir ecumenicamente, uma eventual viagem de Bento XVI à Rússia parece,
para já, fora de questão.
Ao contrário do que acontecia com João Paulo II,
o Patriarca Ortodoxo de Moscovo não coloca de parte uma possível visita de Bento XVI
à Rússia, desde que os problemas existentes sejam resolvidos. Entre eles, o que tem
maior destaque é o alegado proselitismo da Igreja Católica em territórios da antiga
URSS.