Catequese quaresmal do arcebispo de Braga: "a acção socio-caritativa da Igreja pode
dar sentido á acção do Estado".
O Arcebispo de Braga defendeu que a acção sócio-caritativa da Igreja pode dar sentido
à acção do Estado. D. Jorge Ortiga, que falava durante a segunda conferência quaresmal
deste ano, não deixou, contudo, de referir que “a Igreja não pretende intrometer-se
na política, mas presta o seu contributo para que o que é justo possa ser reconhecido
e realizado”.
Na celebração, que reuniu na Catedral dezenas de fiéis, o prelado
bracarense começou por recordar “as críticas de origem marxista contra a actividade
da Igreja”.
“Para estes, os pobres não teriam necessidade das obras de caridade,
mas da justiça. A caridade tranquilizaria as consciências, manteria as situações e
defraudaria o pobres nos seus direitos. Pelo contrário, seria necessário criar uma
ordem justa, que daria a todos o necessário sem necessidade de recorrer à caridade”,
explicou o responsável eclesiástico, que também sustentou que, na verdade, “é dever
do Estado, segundo o princípio da subsidariedade, garantir estes direitos”.
“Santo
Agostinho referiu que um Estado que não se regesse pela justiça reduzia - se a um
grande bando de ladrões”. Foi desta forma incisiva que o prelado bracarense sustentou
que “a justiça é o dever central da política”.
D. Jorge Ortiga recordou que
“o amor será sempre necessário numa sociedade justa. Não há nenhum ordenamento estatal
justo que dispense o amor”.
“Um Estado que queira responder a tudo transforma
- se numa agência burocrática, onde falta a amorosa dedicação pessoal. Não precisamos
dum Estado que regule e domine tudo, mas de um estado que reconheça e apoie as iniciativas
que nasçam das diversas forças sociais e conjuguem proximidade e espontaneidade aos
carecidos de ajuda. A Igreja é uma destas forças que dá a dimensão do espiritual e
que não vai permitir uma concepção materialista da vida”, referiu o Arcebispo de Braga.