Líderes religiosos contra a reforma migratória nos EUA
A provável aprovação, pelo Congresso dos EUA, de legislação muito restritiva em matéria
de imigração está a levar os líderes religiosos do país a defender a desobediência
civil, um pouco à imagem do “Movimento Santuário”, que nos anos 80 deu amparo a milhares
de refugiados centro-americanos.
Vários grupos levaram ontem às ruas de Washington
o seu primeiro grande protesto contra estas leis. Os manifestantes, convocados pela
Coligação Nacional para a Imigração, exigem uma reforma migratória integral, para
que o Governo deixe de tratar os imigrantes como "criminosos".
O projecto
de lei, do republicano James Sensenbrenner, trata os imigrantes ilegais como criminosos.
Sensenbrener pretende também punir qualquer indivíduo ou grupo que ofereça ajuda aos
imigrantes ilegais no país.
A medida, que também autoriza a construção de
um muro de alta segurança na fronteira sul, com o México, foi aprovada pela Câmara
de Representantes a 16 de Dezembro de 2005, mas ainda precisa ser ratificada pelo
Senado.
A Igreja Católica, os sindicatos e grupos empresariais uniram forças
contra a medida Sensenbrenner, considerada uma das mais rigorosas no Congresso em
quase 70 anos, e dois Cardeais, D. Roger Mahoney, de Los Angeles, e D. Theodore McCarrick,
de Washington, já revelaram a sua decisão de contestar a lei.
Calcula-se que
nos EUA haja cerca de 11 milhões de imigrantes clandestinos. “Estamos a dar instruções
aos párocos para que se continuem a ajudar as pessoas que estão em situação ilegal”,
explicou o Cardeal McCarrick.
O Cardeal Mahoney, por seu turno, já afirmara
que “o conceito de castigar as pessoas que ajudam estes imigrantes é anti-americana”.