IGREJA CATÓLICA NA POLÔNIA ADMITE QUE ALGUNS DE SEUS MEMBROS COLABORARAM COM A POLÍCIA
COMUNISTA
Varsóvia, 09 mar (RV) - A Igreja Católica na Polônia reconheceu nesta quinta-feira,
pela primeira vez, que alguns sacerdotes colaboraram com a polícia secreta do ex-regime
comunista e pediu perdão por todo o mal que foi causado.
"No terrível sistema
(comunista), certos homens da Igreja fracassaram no que se esperava deles" _ escreveram
os bispos poloneses, numa declaração, divulgada ao término de uma reunião de dois
dias, em Varsóvia.
"Lamentamos e pedimos perdão, sobretudo àqueles que sofreram
por causa" desses sacerdotes, acrescenta o documento. O texto especifica que "a Igreja
não foge dos problemas mais penosos de sua história".
"É impensável que se
formulem acusações contra pessoas que foram perseguidas pelas autoridades comunistas
no passado, e que se esqueça de todos aqueles que construíram o sistema do terror"
_ diz a declaração.
Mais de 10% dos sacerdotes poloneses colaboraram com o
serviço secreto comunista, segundo estimativa do Instituto da Memória Nacional, instituição
encarregada de investigar os crimes nazistas e comunistas.
O Instituto da Memória
Nacional contém os arquivos da ex-polícia secreta comunista polonesa.
Em todos
os países do bloco soviético, foram criadas polícias secretas para vigiar os menores
detalhes e gestos de seus cidadãos, especialmente aqueles sobre os quais pesava algum
tipo de suspeita de "rebelião" às idéias comunistas.
A imprensa polonesa revelou
recentemente, vários casos de colaboração de sacerdotes da Arquidiocese de Cracóvia,
no sul do país. O Arcebispo local, Dom Stanislaw Dziwisz, cujo nome foi anunciado
no dia 22 de fevereiro passado, como um dos cardeais que receberá a púrpura no consistório
do próximo dia 24, ordenou, há duas semanas, a criação de uma comissão encarregada
de estudar o problema dos colaboradores da polícia política durante o período comunista.
(MZ)