PEQUIM: VATICANO "NÃO DEVE SE RELACIONAR COM PROVÍNCIAS CHINESAS"
Pequim, 07 mar (RV) - O Ministro das Relações Exteriores chinês, Li Zhaoxing,
pediu hoje ao Vaticano que "não se relacione com províncias e localidades da China",
em resposta ao recente anúncio do nome do Bispo de Hong Kong, Dom Joseph Zen Ze-kiun,
como cardeal.
"Pequim espera que o Vaticano não interfira nos assuntos internos
chineses de modo algum" _ afirmou o Ministro, em entrevista coletiva, por ocasião
da reunião anual do Legislativo, uma das poucas concedidas por Li Zhaoxing à imprensa
acreditada na China.
Segundo analistas, a nomeação de Dom Zen Ze-kiun como
cardeal, anunciada em 22 de fevereiro, por Bento XVI, tornará o Bispo de Hong Kong
o principal negociador entre o Vaticano e a China, cujas relações diplomáticas estão
rompidas desde 1951.
A nomeação não agradou à China, como ficou comprovado
hoje, numa nota oficial da agência oficial "Xinhua". No texto, nem sequer se nomeia
Dom Zen Ze-kiun, limitando-se a de referir a "uma pessoa de Hong Kong".
A Associação
Católica Patriótica, que seria, em prática, a Igreja Católica tida como "oficial"
na China, parabenizou Dom Zen no dia 23 de fevereiro por sua nomeação como cardeal,
mas pediu que ele não usasse o cargo para influir na política chinesa.
Hong
Kong e China aplicam a fórmula "um país, dois sistemas" em seus assuntos religiosos,
o que permite que o Papa possa nomear bispos e cardeais na ex-colônia britânica, algo
que Pequim não admite no resto do país.
A China disse, reiteradas vezes, que,
para restabelecer os laços diplomáticos com o Vaticano _ segundo os analistas, um
dos principais objetivos de Bento XVI _ Roma deve, em primeiro lugar, deixar de reconhecer
Taiwan como Estado soberano, e se comprometer a não interferir nos assuntos internos
chineses.
Os dois Estados romperam suas relações em 1951, quando o Vaticano
excomungou dois bispos nomeados por Pequim que, por sua vez, expulsou o Núncio Apostólico.
(MZ)