A Igreja Católica Portuguesa solidária com o mundo: destino das renúncias quaresmais
2006
Em Portugal o início do tempo da Quaresma vive-se, em todas as comunidades paroquiais,
por entre apelos à conversão interior e à generosidade, que se traduz na chamada “Renúncia
Quaresmal”. A Igreja assume-se, nesta altura, como uma verdadeira família universal.
As
dioceses de todo o país orientam as contribuições dos seus fiéis, de uma forma geral,
para duas finalidades: uma de âmbito diocesano e a segunda, como sinal de comunhão
com outras Igrejas, para necessidades eclesiais, culturais ou sociais fora da Diocese.
Além disso e dando cumprimento a uma deliberação tomada pela CEP em Novembro
de 2004 em relação a todas as Dioceses, 5% do montante recolhido irá para o chamado
“Fundo de Solidariedade Eclesial”, destinado a apoiar economicamente as Igrejas mais
pobres.
A ideia de uma “renúncia” ou um donativo na Quaresma está fortemente
ligada à tradição do jejum e da esmola, práticas penitenciais associadas a este tempo
de preparação para a Páscoa. No que respeita à esmola, ela deve ser proporcional às
posses de cada um, podendo revestir-se da forma de “contributo penitencial” (e, como
já entrou nos hábitos diocesanos, de “renúncia quaresmal”) com destino indicado pelo
Bispo. O fiel renuncia conscientemente e como programa pessoal, para poder contribuir
para causas da Diocese e da Igreja Universal
Mundo Lusófono
As
escolhas dos Bispos diocesanos são sobretudo, direccionadas para as Igrejas lusófonas,
com uma ligação histórica muito forte ao nosso país.
Coimbra, por exemplo,
decidiu ajudar a Diocese de Neguela, em Angola, a pagar as obras dos seus seminários.
Bragança também se disponibilizou para ajudar este país, especificamente na construção
da Escola de Santa Clara na cidade de Kuito, em Angola, um projecto missionário da
Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado; Viseu, por
seu lado, optou por colaborar na construção do Seminário Menor do Huambo, cujo Bispo
diocesano é o português D. José Queirós.
O Funchal destina o contributo para
as crianças da catequese da Diocese do Lubango, cidade fundada pelos madeirenses,
em Angola.
De Leiria-Fátima partirá uma ajuda para as estruturas e acções pastorais
da Igreja em Cabo Verde. A Diocese de Beja olha particularmente para S. Miguel da
Calheta, diocese de Santiago de Cabo Verde – a mesma para onde será canalizada a ajuda
dos Açores.
A Diocese da Beira, em Moçambique, é a escolha de Braga, que homenageia
assim os 25 anos da morte de D. Manuel Ferreira Cabral.
Os membros das Forças
Armadas e de Segurança do nosso país foram desafiados, pelo seu Bispo, a disponibilizarem-se
para colaborar com a Igreja de Timor Leste. Para aí seguem os donativos do Algarve,
com o objectivo de ajudar a Diocese de Baucau no seu projecto de construir escolas
e formar professores.
A ligação sentimental a estas Igrejas é particularmente
visível nas escolhas da da Guarda, que apoia 3 projectos conduzidos por missionários
cujas congregações têm comunidades instaladas na Diocese: Amazónia (Brasil); Paróquia
de S. Miguel Arcanjo Diocese de Santiago (Cabo Verde); o projecto chamado de S. João
de Brito, em Luanda (Angola).
Desde Santarém partem donativos para um projecto
de apoio a crianças “da rua” de uma favela brasileira, diocese de Paraiba.
Um
mundo de ajudas
O Patriarcado de Lisboa tem um “Fundo Diocesano de Ajuda
Inter-Eclesial”, que olhará de perto para os seguintes projectos: a construção da
Maternidade-Escola em Dili (Timor); ajuda à nova Diocese do Mindelo (Cabo-Verde);
ajuda à Diocese de Palai (Índia), que está a ajudar a Diocese de Lisboa com o envio
de sacerdotes.
De Aveiro vai partir, este ano, uma ajuda para a Diocese católica
de Damasco, na Síria, historicamente muito importante.
Setúbal destina a sua
renúncia para Fundação Bom Samaritano, do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde,
que tem como missão ajudar pessoas com SIDA em África.
Os Bispos de Évora,
por seu lado, decidiram atender às necessidades urgentes dos Cristãos da Terra Santa,
com dificuldades económicas significativas. A colecta de Sexta-feira Santa é, aliás,
destinada a estas comunidades desde 1618 por explícita vontade dos Papas.