TEÓLOGA SALESIANA COMENTA REFLEXÃO DE BENTO XVI AOS PÁROCOS ROMANOS SOBRE O PAPEL
DA MULHER NA IGREJA
Roma, 07 mar (RV) - "É justo perguntar-se se não se pode oferecer mais espaço,
mais posições de responsabilidade às mulheres" na Igreja. Foi o que disse Bento XVI,
nos dias passados, encontrando-se com os párocos romanos. Na ocasião reiterou, todavia,
que o Senhor reservou o ministério sacerdotal aos homens.
Amanhã, quarta-feira,
8 de março, se celebra o Dia Internacional da Mulher. Nesse contexto, a Rádio Vaticano
pediu à teóloga salesiana, Ir. Marcella Farina, docente no Instituto "Auxilium", de
Roma, um comentário sobre as palavras do Papa.
"Esse convite do Papa, essa
sua exortação nos interpela também pessoalmente, como mulheres, no meu caso, como
mulher consagrada, a amadurecer em nós mesmas, as competências profissionais, e a
estar à altura dos tempos, também culturalmente, para tentar uma resposta adequada
às exigências e aos apelos da história."
"Creio que, hoje em dia _ acrescentou
Ir. Farina _ nos encontramos para além da dialética "carisma-instituição". Também
nós, mulheres, amadurecemos essa consciência de que um carisma se não é organizado,
certamente não produz todos os efeitos e frutos que poderia produzir. Portanto, deve
existir essa relação entre carisma e instituição. O carisma diz respeito à profecia,
ao impulso avante em relação ao futuro; a instituição diz respeito aos passos concretos
a serem dados, a fim de que esse carisma possa, realmente, dar os seus resultados.
Portanto, existe sempre uma relação entre carisma e instituição. Quando essa relação
se deteriora, então quer o carisma, quer a instituição, acabam sofrendo."
"Na
Igreja tivemos muitas mulheres, desde os primeiros séculos, que atuaram, a fim de
que a Igreja se renovasse, a fim de que ela tivesse uma nova face, como irradiação
da face de Cristo. Podemos dizer que as mulheres foram aquelas que evangelizaram a
sociedade através das relações familiares. Podemos dizer que, como Catarina _ que
com o seu grande amor e paixão pelo Papa, o trouxe de volta a Roma _ tantas outras
mulheres com essa mesma paixão e ardor pela Igreja _ o Corpo de Cristo _ procuraram
iluminar e orientar o Papa, por vezes nas escolhas corajosas a serem feitas em algumas
circunstâncias históricas. Posso dizer que dessa tradição histórica do gênio feminino,
como dizia João Paulo II, nos vem um apelo a ser mulheres capazes, na história, de
oferecer aquela intuição, aquele olhar de conjunto que é próprio das mulheres, de
modo que se possa realmente realizar uma nova evangelização que coloque no centro
a vida, a vida humana e o respeito pela vida humana." (RL)