DO CARNAVAL ÀS CINZAS: ORIGENS DAS CELEBRAÇÕES DOS PRÓXIMOS DIAS
Roma, 27 fev (RV) - Sobre a origem da palavra Carnaval não há unanimidade entre
os estudiosos, mas as hipóteses "carne vale" (adeus carne) ou de "carne levamen" (supressão
da carne) levam-nos, indubitavelmente, para o início do período da Quaresma. A própria
designação de Entrudo, ainda muito utilizada entre nós, vem do latim "introitus" e
apresenta o significado de dar entrada, começo, em relação a esse tempo litúrgico.
O
carnaval é uma festividade popular coletiva, cíclica e agrícola. Seus verdadeiros
iniciadores foram os povos que habitavam as margens do rio Nilo, no ano 4000 a.C.;
há uma segunda origem nas festas pagãs greco-romanas que celebravam as colheitas,
entre os séculos VII a.C. e VI d.C.
A Igreja, mais tarde, alterou e adaptou
as práticas pré-cristãs, relacionando o período carnavalesco com a Quaresma. Uma prática
penitencial preparatória à Páscoa, com jejum, começou a definir-se a partir de meados
do século II; por volta do século IV, o período quaresmal caracterizava-se como tempo
de penitência e renovação interior para toda a Igreja, inclusive por meio do jejum
e da abstinência.
Observando o calendário, se percebe que é a Páscoa quem rege
o Carnaval: a Páscoa é celebrada no primeiro domingo da lua cheia após o equinócio
da primavera, no hemisfério norte. O Carnaval é sempre entre 3 de fevereiro e 9 de
março, 47 dias antes da Páscoa, ou seja, após o sétimo domingo que antecede o domingo
de Páscoa.
Tertuliano, São Cipriano, São Clemente de Alexandria e o Papa Inocêncio
II foram grandes inimigos do Carnaval, mas no ano 590, a Igreja Católica permitiu
que se realizassem os festejos do Carnaval, que consistiam em desfiles e espetáculos
de caráter cômico.
No século XV, o Papa Paulo II contribuiu para a evolução
do Carnaval, imprimindo uma mudança estética ao introduzir o baile de máscaras, quando
permitiu que, em frente a seu palácio, se realizasse o Carnaval romano, com corridas
de cavalos, carros alegóricos, corridas de corcundas, lançamento de ovos, água e farinha
e outras manifestações populares.
No dia seguinte, as cinzas recordam o que
fica da queima ou da corrupção das coisas e das pessoas. Este rito é um dos mais representativos
dos sinais e gestos simbólicos do caminho quaresmal.
Nos primeiros séculos,
cumprem esse rito da imposição das cinzas apenas os grupos de penitentes ou pecadores
que querem receber a reconciliação no final da Quaresma, na quinta-feira santa, às
vésperas da Páscoa. Vestem hábito penitencial, impõem cinzas na sua própria cabeça
e, dessa forma, se apresentam diante da comunidade, expressando seu desejo de conversão.
A
partir do século XI, quando desaparece o grupo de penitentes como instituição, o Papa
Urbano II estende esse rito a todos os cristãos, no início da Quaresma. As cinzas,
símbolo da morte e do nada da criatura em relação a seu Criador, obtêm-se por meio
da queima dos ramos de palmeiras e de oliveiras abençoados no ano anterior, na celebração
do Domingo de Ramos.
Uma prática penitencial preparatória à Páscoa com jejum
começou a afirmar-se a partir de meados do século II; outras referências a um tempo
pré-pascal aparecem no Oriente, no início do século IV, e no Ocidente no final do
mesmo século. (MZ)