“Em todo e qualquer homem, em qualquer estádio ou condição da sua vida, resplende
um reflexo da própria realidade de Deus”: Bento XVI, segunda-feira, no encontro da
Academia Pontifícia para a Vida.
A “altíssima dignidade” do homem radica-se “na íntima ligação que o une ao seu Criador:
no homem, em todo e qualquer homem, em qualquer estádio ou condição da sua vida, resplende
um reflexo da própria realidade de Deus”: recordou-o Bento XVI, dirigindo-se, nesta
segunda de manhã, aos participantes na assembleia geral da Academia Pontifícia para
a Vida, reunidos no Vaticano tendo desta vez como tema “O embrião humano, na fase
de pré-implantação”, isto é, nos primeiros dias a seguir à concepção. “Uma questão
extremamente importante hoje-em-dia (sublinhou o Papa), pelas evidentes repercussões
sobre a reflexão filosófico/antropológica e ética, mas também pelas perspectivas de
aplicação no campo das ciências biomédicas e jurídicas”. Um tema “inegavelmente fascinante,
mas difícil e complexo” – advertiu. Embora, “como bem se pode compreender, nem
a Sagrada Escritura nem a Tradição cristã mais antiga tratem explicitamente” deste
tema, ainda assim não faltam passagens bíblicas que fornecem “preciosas indicações
que motivam sentimentos de admiração e de apreço relativamente ao homem acabado de
conceber”. De facto, os Livros sagrados fazem questão de “mostrar o amor de Deus para
com todo o ser humano ainda antes de este tomar forma no seio da mãe”. “Antes de formar-te
no ventre materno, eu já te conhecia, antes que tu viesses á luz, eu te tinha consagrado”,
diz Deus a Jeremias. E o salmista reconhece com gratidão: “Foste tu que criaste as
minhas vísceras e me teceste no seio de minha mãe…” “O amor de Deus não estabelece
diferença entre o recém-concebido ainda no ventre de sua mãe, e a criança, o jovem,
o homem adulto e o idoso. Não estabelece diferenças porque em cada um deles vê a marca
da própria imagem e semelhança. Não estabelece diferenças porque em todos entrevê
o reflexo do rosto do seu Filho Unigénito… “Este amor ilimitado e quase incompreensível
de Deus pelo homem revela até que ponto a pessoa humana é digna de ser amada em si
mesma, independentemente de toda e qualquer outra consideração – inteligência, beleza,
saúde, juventude, integridade e assim por diante… Ao homem é dada uma altíssima dignidade,
que tem as suas raízes na íntima ligação que a une ao seu Criador: no homem, em cada
homem, em qualquer estádio ou condição da sua vida, resplandece um reflexo da própria
realidade de Deus”.