“Deus, Criador e Pai de todos, pedirá contas mais severamente a quem derrama, em seu
nome, o sangue do irmão” – advertiu Bento XVI, domingo ao meio-dia, na Praça de São
Pedro, referindo com preocupação as notícias de “trágicas violências, com atentados
até mesmo a mesquitas e igrejas”.
Condenando firmemente “a violação dos lugares de culto”, o Papa convidou à oração
e à penitência, no tempo de Quaresma que inicia quarta-feira. O “significado
da Quaresma” foi recordado pelo Papa, partindo do Evangelho deste domingo, que, “por
feliz coincidência – disse – toca o tema do jejum”. Respondendo que “os convidados
às núpcias não podem jejuar enquanto o esposo está com eles…, Cristo revela a sua
identidade de Messias… vindo para as núpcias com o seu povo. Os que o reconhecem e
acolhem com fé estão em festa. Mas será rejeitado e morto precisamente pelos seus:
o momento da sua paixão e morte será hora do luto e do jejum”. É neste sentido que
o texto do Evangelho deste domingo antecipa o significado da Quaresma, pois “esta
constitui, no seu conjunto, um grande memorial da paixão do Senhor, em preparação
da Páscoa de Ressurreição”. Mas isso não quer dizer algo de imposto, pesado e fastidioso:
“O tempo da Quaresma não deve ser encarado com o espírito velho, como se fosse uma
imposição pesada e fastidiosa, mas sim com o espírito novo de quem encontrou em Jesus
e no seu mistério pascal o sentido da vida, e adverte que tudo deve ser feito em referência
a Ele.”
Foi depois da recitação do Angelus, que o Papa referiu as notícias
de “trágicas violências no Iraque, com atentados até mesmo nas mesquitas. São acções
que semeiam lutos e alimentam o ódio…” “Ao mesmo tempo que condeno firmemente
a violação dos lugares de culto, confio ao Senhor todos os defuntos e todos os que
o choram. Convido pois todos a intensificarem oração e penitência, no sagrado tempo
da Quaresma, para que o Senhor afaste… a ameaça de semelhantes conflitos! Os frutos
da fé em Deus não são antagonismos devastantes, mas espírito de fraternidade e de
colaboração para o bem comum. Deus, Criador e Pai de todos, pedirá contas ainda mais
severamente a quem derrama em seu nome o sangue do irmão”.