2006-02-23 19:53:22

VISITA "AD LIMINA" DOS BISPOS DA BÓSNIA-HERZEGÓVINA, A DEZ ANOS DOS ACORDOS DE DAYTON


Cidade do Vaticano, 23 fev (RV) - A partir desta manhã, os bispos da Bósnia-Herzegóvina estão cumprindo sua qüinqüenal visita "ad Limina". O Cardeal-arcebispo de Sarajevo, Vinko Puljic, com seu Auxiliar, Dom Pero Sudar, e os Bispos de Banja Luka, Dom Franjo Komarica, e de Mostar-Duvano, Dom Ratko Peric, abriram, esta manhã, a série de audiências programadas até o dia 28 do corrente.

A visita ao Vaticano realiza-se num momento simbólico para o país balcânico: dez anos depois dos "Acordos de Dayton" que colocaram fim aos trágicos anos do conflito na ex-Iugoslávia.

"Conheço a longa provação que vocês viveram, o sofrimento que acompanha a sua vida cotidiana, a tentação de se render ao desânimo. Sejam, vocês mesmos, os primeiros construtores de seu futuro (…) A retomada é possível": essa foi a exortação deixada por João Paulo II, à Bósnia-Herzegóvina, no dia 22 de junho de 2003, durante sua 101ª peregrinação apostólica internacional, como herança de sua constante atenção às atormentadas vicissitudes dos Bálcãs.

Os eventos que, no início dos anos 90, dilaceraram a Iugoslávia de Tito, permanecem impressos na memória das populações locais.

Antes da guerra, croatas, servos e muçulmanos se encontravam distribuídos uniformemente no território. A operação de limpeza étnica deixou um saldo de 300 mil mortos e quase dois milhões de refugiados. No final do ano 2000 retornaram cerca de 20 mil refugiados, enquanto 18 mil pessoas permaneciam na lista dos desaparecidos.

No dia 21 de novembro de 1995, os "Acordos de Dayton" estabeleceram a integridade e a soberania da Bósnia-Herzegóvina, embora dividida em duas entidades, cada uma dotada de um próprio parlamento e governo: a Federação da Bósnia-Herzegóvina, croata-muçulmana, com 51% do território, e a República Sérvia, com 49% por cento.

A Federação é governada por um presidente e um vice-presidente, alternadamente croata e muçulmano; o poder legislativo cabe ao parlamento, composto por uma Câmara dos Representantes, com 140 membros, e por uma Câmara Popular, com 74 membros.

A Igreja também sofreu duramente a guerra civil. Somente em Sarajevo, os católicos passaram de meio milhão para 125 mil e, em toda a Bósnia-Herzegóvina, o boletim dos anos de violência foi dramático: nove sacerdotes e uma religiosa assassinados, 99 igrejas destruídas e 127 danificadas, sem contar com as dezenas de ataques a mosteiros e estruturas diocesanas. Avalia-se que 450 mil católicos foram obrigados a abandonar suas casas.

Entre os significativos momentos de reconstrução, não somente moral, mas também cultural, da capital bósnia, destacamos a reabertura, com um "ato acadêmico", do Instituto Teológico do Seminário franciscano, em Nedjarici, uma das zonas mais devastadas pela guerra.

Dez anos após o cessar das hostilidades, os bispos da Bósnia-Herzegóvina não têm dúvidas: "Dayton interrompeu a guerra, mas não conduziu à paz" _ afirmaram, nesta quarta-feira, em Roma, durante um encontro com os correspondentes internacionais, organizado no âmbito da celebração dos dez anos dos acordos de paz para a ex-Iugoslávia. (RL)







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