Dili, 23 fev (RV) - Os bispos de Timor Leste estão preocupados com a crise
militar no país e receiam que sua continuidade comprometa a estabilidade nacional.
Dom Alberto Ricardo da Silva, Bispo de Dili, e Dom Basílio do Nascimento, Bispo de
Baucau, manifestaram seus receios à imprensa.
Após um encontro com o Presidente
português, Jorge Sampaio, que hoje termina uma visita oficial de três dias a Timor,
o Bispo de Dili defendeu a conveniência de se tentar evitar o prosseguimento da crise
militar. Ele afirmou que, para se alcançar esse objetivo, é necessário que haja diálogo
e compreensão mútua, e que se procure uma solução para o bem de todos.
Quanto
ao retrato que a Igreja timorense faz do país, Dom Alberto Ricardo da Silva considera
que continua havendo "situações de muita carência": "Há fome, muita fome" _ sublinhou
o prelado.
A esse respeito, o Bispo de Baucau questionou o investimento que
o governo vem fazendo no petróleo como motor de desenvolvimento. Para ele a agricultura
deve ser a primeira preocupação do governo. "O petróleo _ disse o prelado _ deve ser
uma mais-valia e não o motor do desenvolvimento."
A Igreja discorda dos argumentos
invocados pelo governo timorense para justificar um acordo com a Austrália: "O tratado
entre a Austrália e o governo timorense, sobre o qual a população não foi sequer ouvida,
põe em jogo a soberania do país" _ disse Pe. Domingos Soares, que trabalha com o Bispo
de Dili, numa carta dirigida ao Presidente Jorge Sampaio. (MZ)