Bispos católicos preocupados com crise militar em Timor Leste
Os bispos católicos de Timor-Leste estão preocupados com a crise militar no país e
receiam que a sua continuidade hipoteque a estabilidade nacional. D. Alberto Ricardo
da Silva, bispo de Díli, e D. Basílio do Nascimento, bispo de Baucau, falaram à imprensa
à saída de um encontro com o presidente português Jorge Sampaio, que esta quinta feira
termina uma visita oficial de três dias a Timor-Leste. O bispo de Díli defendeu
ser "de toda a conveniência procurar evitar-se" a continuação da crise militar, "para
o que tem de haver diálogo, compreensão mútua e procurar uma solução para o bem de
todos. É muito urgente". Do encontro com Jorge Sampaio, o bispo de Baucau reteve
"as recomendações e os conselhos para a igreja, sobre a sensibilidade que (o presidente
português) tem em relação ao contributo que a igreja poderia dar nesta fase da vida
timorense". Quanto ao retrato que a igreja timorense faz do país, D. Basílio do
Nascimento disse ser necessário relativizar. "Quando o estômago está esvaziado,
as reclamações vêem ao de cima, mas penso que isso é natural. O que lamento é que
não haja uma preocupação, uma política de comunicação ou de informação de quem toma
decisões. As pessoas compreendendo, poderão relativizar e suportar melhor as dificuldades",
vincou. D. Alberto Ricardo vai mais longe e considera que continuam a verificar-se
"situações de muita carência". "Há fome, muita fome", sublinhou. A este respeito,
o bispo de Baucau questionou a aposta no petróleo como motor de desenvolvimento, considerando
ser a agricultura o sector prioritário para a acção governativa. (Lusa)