ARCEBISPO DA IGREJA ANGLICANA NOS ESTADOS UNIDOS PEDE FECHAMENTO DE GUANTÁNAMO
York, 20 fev (RV) - O Arcebispo anglicano de York, EUA, Dr. John Sentamu, a
segunda maior autoridade da Igreja Anglicana, fez um apelo em favor do fechamento
imediato do centro de detenção de Guantánamo, e acusou os Estados Unidos de "violar
o Direito Internacional".
Em entrevista publicada recentemente pelo jornal
britânico "The Independent", o Dr. Sentamu opina que a recusa dos Estados Unidos de
fechar essas instalações, a despeito do pedido feito por uma comissão da ONU, reflete
uma sociedade que se assemelha à descrita por George Orwell na sua novela "O triunfo
dos porcos".
Nessa obra, Orwell descreve uma situação fictícia entre animais,
na qual líderes autoritários perpetuam seu poder, baseando-se em mentiras e na repressão.
Um
relatório redigido por cinco relatores de direitos humanos, das Nações Unidas, divulgado
na semana passada, pedia o fechamento da área conhecida como "Campo Delta", em Guantánamo,
e o julgamento ou a libertação dos mais de 500 prisioneiros que estão ali detidos,
sem qualquer acusação formal e sem julgamento.
A administração norte-americana
subestimou o documento, considerando-o parcial, e reafirmou a sua recusa em fechar
o campo.
O Dr. Sentamu, que em 2005 tornou-se o primeiro arcebispo negro da
Igreja Anglicana, insta o Alto Representante da ONU de Direitos Humanos a agir legalmente
contra os Estados Unidos, se esse país não cumprir sua ordem, seja através dos tribunais
norte- americanos seja através do Tribunal Internacional de Justiça, de Haia.
O
Arcebispo sugere que seja requerido um "habeas corpus" que obrigue os Estados Unidos
a apresentar os detidos perante a Justiça, para que se tenha conhecimento das acusações
que são feitas contra eles e, no caso de não haver provas contra eles, que serem libertados.
Após
a publicação do relatório da ONU, a organização humanitária "Anistia Internacional"
(AI), com sede em Londres, pediu aos governos e aos ativistas de direitos humanos
que exijam o fechamento do campo de prisioneiros. (MZ)