CASO DAS CRISTÃS INDONÉSIAS TEM ÚLTIMO RECURSO NEGADO
Jacarta, 15 fev (RV) - A Corte Suprema de Jacarta rejeitou, no dia 7 do corrente,
o segundo e último recurso impetrado pelas três professoras evangélicas, condenadas
por tentar converter crianças muçulmanas a se converterem ao Cristianismo. Restam
27 meses para que Rebekka Zakkaria, de 47 anos, Ratna Bangun, de 40, e Eti Pangesti,
de 43, cumpram a pena de três anos de reclusão a que foram condenadas, no dia 1º de
setembro de 2005.
"Foi frustrante ver como os juízes trataram este caso" _
desabafou Aris Wibowo, advogado das mulheres. "É como se eles sequer tivessem se preocupado
em rever cuidadosamente o caso, quando ele foi remetido à Corte, em Bandung. O veredicto
foi apenas confirmado."
Três juízes _ todos muçulmanos _ julgaram o caso na
Corte Suprema. "Essa deve ter sido a principal razão pela qual perdemos o caso; a
religião se tornou o cerne dessa questão" _ avaliou o advogado.
A Corte Suprema
deveria anunciar o veredicto somente no dia 16 de março próximo. Aris Wibowo acredita
que os juízes anteciparam o anúncio, para tirar proveito do atual momento de ira das
comunidades islâmicas, provocada pelas caricaturas do profeta Maomé. A decisão dos
juízes, de rejeitar o apelo, pode ser justificável neste caso, pois não deixaria os
juízes expostos à pressão dos muçulmanos.
O caso das três mulheres cristãs
da Indonésia começou em maio de 2005, quando o Conselho de Clérigos Muçulmanos as
acusou, formalmente, de tentar converter crianças muçulmanas ao Cristianismo, através
de um programa chamado "Domingo feliz".
Em 1º de setembro de 2005, a Corte
de Indramayu considerou as três mulheres culpadas de violar a Lei de Proteção à Criança
e condenou-as a três anos de reclusão. Os advogados entraram com um recurso no Tribunal
Superior de Justiça de Bandung, em Java Ocidental, em novembro, mas o apelo foi rejeitado.
O recurso à Corte Suprema de Jacarta era o último lance para provar que as professores
não eram culpadas. (MZ)