BISPOS DO HAITI FAZEM BALANÇO DOS DOIS ANOS DE GOVERNO TRANSITÓRIO
Porto Príncipe, 14 fev (RV) - No Haiti, enquanto se dá por certa a vitória
do ex-presidente Preval às eleições presidenciais, os bispos reforçam a importância
de se combater o flagelo da pobreza no país: o mais pobre da América Latina.
Durante
o encontro da Comissão Episcopal "Justiça e Paz", realizado nos dias passados, os
bispos fizeram um balanço sobre o governo de transição, instituído após a destituição,
em 2004, do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide.
Os temas abordados na reunião
foram: o aumento da violência, a necessidade de exortar o governo a uma maior estabilidade
e eficácia de sua ação, e a questão dos migrantes. Os bispos examinaram ainda o crescimento
das novas formas de violência.
Em 2005, a Comissão "Justiça e Paz", da Conferência
Episcopal Haitiana já havia denunciado, várias vezes, o "seqüestro" como forma de
violência muito em uso, sobretudo na zona metropolitana de Porto Príncipe.
Os
bispos dedicaram ainda muito espaço à questão delicada dos migrantes. Segundo o Grupo
de Apoio dos Repatriados e Refugiados (GARR), o Haiti se tornou, nos últimos anos,
"exportador de mão-de-obra, com um quarto da população vivendo fora do país". Isso
determinou efeitos negativos, como a desestabilização de certas regiões, a fuga de
intelectuais e o empobrecimento de alguns em favor do enriquecimento de outros.
A
Comissão "Justiça e Paz" sublinhou, por fim, que as eleições realizadas na semana
passada, trouxeram à luz "muitos erros" e advertiram sobre os "limites" ligados a
essa votação. (MZ)