A dignidade fundamental de todos os doentes mentais na abertura das celebrações do
dia mundial do doente, em Adelaide na Australia
O enviado especial do Papa para a celebração internacional do Dia Mundial do Doente,
Cardeal Javier Lozano Barragán, defendeu esta quinta feira na cidade australiana de
Adelaide a dignidade fundamental de todos os doentes mentais. “A pessoa com doença
mental não é uma imagem deformada de Deus, mas uma imagem fiel de Deus, nosso Senhor”,
o qual transforma o mal em bem, afirmou na conferência que abriu as celebrações desta
Jornada, este ano dedicada ao tema da saúde mental.
O presidente do Conselho
Pontifício para a Pastoral da Saúde lembrou alguns dados que Bento XVI já tinha apresentado
na sua mensagem para este Dia: 25% dos países não têm legislação suficiente nesta
área da saúde; 45% não têm uma política definida para a saúde mental; em mais de 25%
dos centros de saúde, os doentes não têm acesso aos medicamentos psiquiátricos fundamentais;
70% da população dispõe de menos de um médico psiquiatra por 100.000 habitantes; as
perturbações mentais afectam com maior frequência as populações desfavorecidas sob
o ponto de vista intelectual, cultural e económico.
O membro da Cúria Romana
acrescentou que, na origem das doenças mentais, há ainda uma forte influência religiosa
“devido à crise dos valores de referência, ao hedonismo e ao materialismo”.
Atendendo
ao drama que milhões de pessoas são obrigadas a sofrer, os cristãos foram convidados
a um compromisso cada vez maior na prevenção e no acompanhamento dos doentes que sofrem
estas perturbações. O Cardeal Barragán reconheceu, contudo, que o trabalho desenvolvido
pela Igreja Católica na área da saúde mental é já digno de “todos os louvores”, sendo
tributário de um esforço de séculos, visível nas Ordens e Congregações religiosas
cujo carisma é o cuidado dos doentes mentais.
Ao dar início à celebração desta
Jornada, o enviado do Papa pediu que “o tratamento da pessoa com doença mental seja
um tratamento de amor, ternura e cuidado, para ajudá-lo a lidar com o seu mundo imaginário,
percebido como um inimigo”.