2006-02-05 15:29:09

O respeito da vida depende do modo como o homem se coloca perante a realidade: patrão ou administrador. Esta a advertência do Papa neste domingo.


A cultura da vida fundamenta-se na atenção aos outros, sem exclusões nem discriminações: sublinhou Bento XVI neste domingo ao meio-dia, antes do Angelus, na Praça de São Pedro.
Celebrando a Igreja italiana, neste domingo, a Jornada pela vida, este ano sob o lema “Respeitar a vida”, o Papa recordou a “atenção constante” que “o amado Papa João Paulo II” sempre reservou a estas problemáticas. “Inserindo os aspectos morais num amplo quadro espiritual e cultural”, o Papa Woytjla reafirmou incansavelmente que a vida humana é um valor primário a reconhecer, e que o Evangelho convida sempre a respeitar.
À luz da sua recente Encíclica sobre o amor cristão, Bento XVI sublinhou “a importância do serviço da caridade para no apoio e promoção da vida humana”. “Ainda antes das iniciativas práticas, é fundamental promover uma justa atitude em relação ao outro: a cultura da vida baseia-se na atenção aos outros, sem exclusões ou discriminações. Cada vida humana, enquanto tal, merece e exige ser sempre defendida e promovida.”
“Esta verdade corre muitas vezes o risco de ser contrastada pelo hedonismo generalizado nas chamadas sociedades do bem-estar: exalta-se a vida porque é aprazível, mas tende-se a não a respeitar já quando é doente ou mal-formada. Partindo, porém, de um amor profundo por cada pessoa, é possível concretizar formas eficazes de serviço à vida: à vida nascente como também à vida marcada pela marginalidade ou pelo sofrimento, especialmente na sua fase terminal”.

Neste domingo de manhã, o Papa celebrou a Missa dominical com a comunidade paroquial de Sant’Ana, na cidade do Vaticano. Na homilia, Bento XVI comentou as leituras do dia, improvisando em grande parte a sua intervenção. Referindo-se, a certa altura, à Jornada pela vida e ao tema deste ano “Respeitar a vida”, Bento XVI recordou que “o homem não é padrão da vida; mas antes defensor e administrador”.
“Esta verdade, que constitui um ponto qualificante da lei natural, plenamente iluminado pela revelação bíblica, apresenta-se hoje como ‘sinal de contradição’ relativamente à mentalidade dominante. Exprimindo-nos em termos simplificados, poderíamos dizer: uma considera que a vida humana está nas mãos do homem; a outra reconhece que ela está nas mãos de Deus."
“O pleno respeito pela vida está ligado ao sentido religioso, à atitude interior com que o homem se coloca perante a realidade – como patrão ou como administrador. Aliás, a palavra ‘respeito’ deriva do verbo latino ‘respicere’/olhar, e indica um modo de olhar as coisas e as pessoas que leva a reconhecer a sua consistência, a não apropriar-se delas, mas a tomá-las respeitosamente em consideração, ocupando-se delas, cuidando delas. Em última análise, se se tira às criaturas a sua referência a Deus, como fundamento transcendente, elas correm o risco de ficarem abandonadas ao arbítrio do homem, que pode delas fazer um uso insensato”.









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