CARDEAL GUATEMALTECO AFIRMA QUE IGREJA JAMAIS TENTOU IMPEDIR ASSINATURA DOS ACORDOS
DE PAZ
Cidade da Guatemala, 04 fev (RV) - O Cardeal-arcebispo de Cidade da Guatemala,
Rodolfo Quezada Toruño, defendeu, nesta sexta-feira, a participação da Igreja Católica
nas negociações que levaram ao acordo de paz em dezembro de 1996, que acabou com 36
anos de conflito armado.
O prelado minimizou as insinuações do ex-presidente
Alvaro Arzu, agora Prefeito da capital do país, que, numa entrevista a um jornal local,
acusou a hierarquia católica de ter tentado bloquear o acordo de paz, quando ele estava
para ser firmado.
Arzu, que governou o país centro-americano de 1996 a 2000,
revelou ao diário "Siglo Veintiuno" que a cúpula da Igreja Católica guatemalteca tentou
frear o acordo de paz.
O ex-chefe de Estado guatemalteco _ líder da direita
e bem sucedido empresário local _ jamais revelara publicamente, o choque com a Igreja,
cujo principal líder é Cardeal Quezada Toruño, que foi mediador e artífice das negociações
de paz.
O Cardeal Quezada Toruño disse, nesta sexta-feira, aos jornalistas,
que em diversos momentos, os representantes da Igreja Católica pediram aos chefes
da guerrilha que firmassem a paz até que o governo adiantasse os acordos "substantivos"
em matéria social e política.
Os bispos não queriam que apenas se detivesse
a guerra, sem que se aprovassem acordos políticos, sociais e econômicos para eliminar
as causas que deram origem ao conflito armado interno, declarou o Cardeal, que atuou
como mediador nas negociações de paz entre o governo e a guerrilha.
O recém-eleito
Presidente do Episcopado guatemalteco, Dom Alvaro Ramazzini, por sua vez, afirmou
que o então presidente Alvaro Arzu interpretou mal a preocupação da Igreja Católica.
Ele insistiu em afirmar que os bispos jamais tentaram adiar ou colocar obstáculos
à assinatura do acordo de paz, que se concretizou em 29 de dezembro de 1996. (MZ)