ARCEBISPO DE ARGEL: MEDO, DIÁLOGO E PERSPECTIVAS NAS RELAÇÕES DO MEDITERRÂNEO COM
O ISLÃ
Milão, 03 fev (RV) - "No Ocidente, o medo frente ao Islã não tem sentido, mas
se o medo existe, somente o diálogo, somente a relação entre pessoas diferentes, pode
libertar": foi o que disse Dom Henri Teissier, há 33 anos Arcebispo de Argel, Argélia,
numa entrevista à agência de notícias ANSA.
Dom Teissier, de origem francesa
mas agora, também com nacionalidade argelina, chegou ao norte da África com a família,
quando tinha 15 anos. Viveu todas as "crises" (palavra que usa para substituir a palavra
"guerra") no país. Por muitos anos, além de dar aulas na Universidade de Argel, lecionou
também língua árabe para estudantes argelinos.
"Há catorze séculos existem
dificuldades entre Islã e Ocidente _ afirma Dom Teissier em Milão, norte da Itália,
onde se encontra para algumas conferências _ mas isso precisa mudar, sobretudo agora
que o tema da globalização é central. E esse diálogo pode ter início em seu berço
natural: aqui no Mediterrâneo."
Na recente guerra civil "tivemos os nossos
mortos _ recorda o Arcebispo _ e isso reforçou os laços com o povo argelino, que sempre
nos acolheu bem, que sempre conseguiu ver em nós algo diferente do colonialismo. Isso
porque não somos uma Igreja fechada em si mesma, mas temos relações de amizade com
os muçulmanos: mantemos um compromisso comum".
Segundo Dom Teissier, "é, sobretudo,
nos momentos de crise que se sente a necessidade do confronto". Durante a recente
guerra civil "a Argélia permaneceu isolada, as companhias aéreas interromperam seus
vôos. Assim, ficaram bem evidentes as diferenças entre o norte e o sul do Mediterrâneo".
Agora
_ ressalta _ são necessárias relações muito mais estreitas entre os dois extremos
do mar e seria muito útil ter novos espaços de relações, que podem ser construídos
_ conclui o Arcebispo de Argel _ sobretudo por quem tem a responsabilidade do intercâmbio
cultural. (MZ)