MENSAGEM DE BENTO XVI PARA A QUARESMA 2006: "JESUS, AO VER AS MULTIDÕES, ENCHEU-SE
DE AMOR POR ELAS"
Cidade do Vaticano, 31 jan (RV) - Foi divulgada nesta terça-feira a mensagem
de Bento XVI para a Quaresma 2006. O título da mensagem foi extraído do Evangelho
de Mateus: "Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas".
A
Quaresma, afirma o Papa, é o tempo privilegiado da peregrinação interior até Àquele
que é a fonte da misericórdia. Nessa peregrinação, Ele próprio nos acompanha através
do deserto da nossa pobreza, amparando-nos no caminho que leva à alegria intensa da
Páscoa.
Mesmo nos momentos mais difíceis, diz o Pontífice, Deus nos ampara.
Mesmo na desolação da miséria, da solidão, da violência e da fome que atingem indistintamente
idosos, adultos e crianças, Deus não permite que as trevas do horror prevaleçam.
Em
sua mensagem, o Papa reflete sobre uma questão hoje muito debatida: o desenvolvimento.
Bento XVI recorda que, também hoje, o "olhar" compassivo de Cristo pousa incessantemente
sobre os homens e os povos. Com esse olhar, Jesus abraça os indivíduos e as multidões
e os entrega, todos, ao Pai, oferecendo-Se a Si mesmo em sacrifício de expiação.
Iluminada
por essa verdade pascal, a Igreja sabe que, para promover um desenvolvimento integral,
é necessário que o nosso "olhar" sobre o homem seja idêntico ao de Cristo. De fato,
não é possível separar a resposta às necessidades materiais e sociais dos homens das
necessidades profundas do seu coração.
Isso deve ser ressaltado muito mais
numa época como a nossa, declara o Santo Padre – uma época de grandes transformações,
em que nos damos conta, de forma cada vez mais viva e urgente, da nossa responsabilidade
em relação aos pobres do mundo.
De acordo com Bento XVI, a primeira contribuição
que a Igreja oferece para o desenvolvimento do homem e dos povos não consiste nos
meios materiais nem em soluções técnicas, mas sim o anúncio da verdade de Cristo
_ anúncio que educa as consciências e ensina a autêntica dignidade da pessoa e do
trabalho, promovendo a formação de uma cultura que corresponda a todas as exigências
do homem.
Em vista dos desafios da pobreza de grande parte da humanidade, afirma
o Papa, a indiferença apresenta-se em contraste intolerável com o "olhar" de Cristo.
O jejum e a esmola, juntamente com a oração, que a Igreja propõe de modo especial
no período da Quaresma, são uma ocasião propícia para nos conformarmos ao olhar de
Cristo.
Mesmo neste tempo da interdependência global, pode-se verificar que
nenhum projeto econômico, social ou político substitui aquele dom de si mesmo ao outro,
que brota da caridade. Quem age segundo essa lógica evangélica, diz o Papa, provê
às necessidades materiais e espirituais do próximo.
O Papa conclui sua mensagem,
reconhecendo que muitas pessoas que se professavam discípulos de Jesus, cometeram
erros ao longo da história. "Não raramente _ diz o Pontífice _ eles pensaram que se
deveria primeiro melhorar a terra e depois pensar no céu." Para alguns, isso teve
como conseqüência a transformação do Cristianismo no moralismo, ou seja, a substituição
do crer pelo fazer.
Mas a Quaresma é um tempo que nos guia à salvação integral,
tendo em vista a vitória de Cristo sobre todo o mal que oprime o homem. "Quando nos
voltarmos para o Divino Mestre _ afirma o Papa _ descobrimos um "olhar" que nos perscruta
profundamente e que pode reanimar as multidões e cada um de nós." (BF)