A CADA DOIS DIAS SE ABRE UMA NOVA IGREJA EM SÃO PAULO
São Paulo, 30 jan (RV) - Uma igreja para punks e góticos. Uma para surdos.
Outra para quem gosta de black music. Mais uma, só para gays.
A cada dois dias,
pelo menos um novo templo se abre em São Paulo, sem contar os que funcionam sem nenhuma
autorização, em garagens de casas.
Há igrejas para todos os gostos e para todos
os tipos de fiéis. E os títulos vão desde "Geração dos Filhos de Abraão" até "Deus
é tremendo", passando por "São Kim Degun" e "O Caminho para a Vida Eterna".
Aos
sábados, quem pára em frente à "Deus é tremendo", na zona sul, jura de pés juntos
que ali não funciona uma igreja. Em vez de sermões, o que se ouve são bandas de música
black colocando os fiéis para dançar. É o festival "Janeiro Negro", que leva a palavra
de Deus a jovens, muitos deles viciados em drogas.
O pastor Sérgio Marques,
de 58 anos, fundador do templo de linha evangélica pentecostal, explica que seu objetivo
é recuperar fiéis mais jovens e "colocá-los no caminho de Deus". Para isso usa muita
linguagem informal e música. A igreja já existe há cinco anos, mas foi ampliada no
ano passado e atende cada vez mais fiéis, diz Marques. "Tudo foi feito regularmente."
A
"São Kim Degun" tem nome coreano, mas é católica. Aberta no ano passado no centro
da cidade, também seguiu todas as normas da Prefeitura, já que foi construída justamente
para ser um templo religioso. É a mais nova igreja da Arquidiocese de São Paulo.
De
acordo com a Secretaria Municipal da Habitação, apenas no ano passado, 41 plantas
receberam o alvará de construção de novas igrejas.
A grande maioria dos templos
religiosos, no entanto, não é construída especificamente para esse fim. Eles são abertos
em imóveis já existentes e apenas pedem a mudança de uso para ficarem isentos de IPTU.
Em
2005, de acordo com a Secretaria Municipal das Finanças, 2.675 imóveis pediram a isenção
_ 245 a mais do que em 2004 (é preciso renovar o pedido anualmente).
A Prefeitura
não sabe dizer o total de templos legais que estão em atividade atualmente. O último
dado, da Secretaria da Habitação, é de 1998. Na época, 4.300 estavam funcionando.
(MZ)