Do Forum económico mundial de Davos vem um apelo a uma acção urgente para melhorar
a economia
No encerramento do Fórum Económico Mundial, os líderes económicos e políticos mundiais
coincidiram hoje na necessidade urgente de encontrar formas de transformar os princípios
discutidos em Davos em acções que ajudem a melhorar a economia global. Durante
cinco dias, perto de 2.400 participantes de 89 nacionalidades debateram formas de
empresas, governos e sociedade civil responderem de forma criativa às mudanças trazidas
pela globalização. O aparecimento de potências económicas como a China e a Índia,
dispostas a disputar a primazia a qualquer dos países que até agora têm ocupado os
primeiros lugares nesse ranking, mas também os seus desequilíbrios financeiros e os
problemas relacionados com o respeito pelo ambiente, dominaram os 244 debates realizados. O
crescimento significativo da economia chinesa (quase 10 por cento em 2005) e a sua
afirmação como nova locomotiva do crescimento mundial foi um dos temas mais debatidos,
com o vice-primeiro-ministro chinês, Zeng Peyan, e o presidente do Banco Central da
China, Zhou Xiaochuan, a prometerem incitar a população a consumir mais para alimentar
o crescimento interno em vez de inundar os mercados dos países ricos com produtos
a baixo preço. Os riscos de uma crise energética, com receios de que o Irão use
o petróleo no confronto com o Ocidente na questão sobre as suas actividades nucleares,
nas vésperas da reunião da organização dos países produtores de petróleo, OPEP, agendada
para terça-feira, foi outro assunto presente em Davos. À excepção da chanceler
alemã, Ângela Merkel, nenhum alto responsável europeu ou americano compareceu em Davos,
tendo os participantes realçado hoje também as ausências dos países latino- americanos,
zona do globo que não teve direito a qualquer debate. Para compensar esta ausência,
o presidente e fundador do Fórum Económico Mundial, Klaus Schwab, anunciou a realização
de dois dias de debates, a 05 e 06 de Abril na cidade brasileira de S. Paulo, destinados
a identificar as prioridades regionais e a encontrar as respostas necessárias para
ajudar ao seu desenvolvimento. Outra das vozes que se fez ouvir em Davos foi a
do ex- presidente norte-americano Bill Clinton, que considerou as alterações climáticas
como a ameaça mais grave que o planeta enfrenta e "o único poder que poderia acabar
com a civilização tal como a conhecemos hoje". A voz mais crítica do último dia
de Davos foi a do ex- presidente do Banco Mundial e actual enviado especial do Quarteto
para a Paz no Médio Oriente, James Wolfensohn, o qual advertiu que, enquanto as pessoas
com dinheiro não se derem conta de que a sua comodidade se sustenta em grande parte
na qualidade de vida da maioria (da população mundial), não se poderá falar de um
mundo melhor".