Cardeal Patriarca de Lisboa avalia congresso internacional para a nova evangelização
e procura prioridades para a pastoral
Três meses depois da realização do Congresso Internacional para a Nova Evangelização
em Lisboa (ICNE), D. José Policarpo aponta a necessidade de encontrar prioridades
para acção pastoral na diocese. Nesta manhã de Sexta feira, 27 de Janeiro, o Cardeal
Patriarca dirigiu-se ao clero da diocese, para reflectir sobre a Nova Evangelização
no Patriarcado de Lisboa, a quem disse que as prioridades a tomar “têm de ser aquelas
que mobilizam as pessoas a colocarem-se a caminho e colocam outras pessoas a caminho”.
Por isso, considera que é preciso encontrar novos caminhos para continuar a acção
evangelizadora da diocese, caminhos que, afirmou, “pressupõem esperança renovada e
atitude renovada no íntimo do coração”.
A passagem do ICNE pela cidade de Lisboa
deixou marcas na cidade, faz com que os responsáveis pela Igreja diocesana se questionem
quanto à eficácia do evento, enquanto acontecimento de Salvação, e poucos meses depois
da sua realização em Lisboa, e após os Congressos de Viena e Paris, ainda permanece
um sentimento de novidade que interpela. “Ainda estamos a deixar-nos interpelar e
a captar a luz e a novidade mobilizadora deste dinamismo que a diocese tem vivido,
desde há três anos”, referiu D. José Policarpo à Comunicação Social. “As diversas
actividades que estamos a fazer vão na linha de aprofundar e ouvir aquilo que o Espírito
diz à Igreja através dos acontecimentos”, acrescentou.
O impacto deste congresso
em Lisboa mobilizou Comunidades cristãs, Movimentos da Igreja, o próprio clero da
diocese esteve envolvido num dinamismo que, segundo o Cardeal Patriarca, não foi resultado
de “uma simples operação humana, foi algo que Deus nos deu, a adesão e a criatividade
que as pessoas puseram nesta operação”, salientou.
Igreja e cidade
A
Igreja está presente na cidade com uma grande visibilidade, mas deve causar impacto
“no aspecto cultural e fundamentalmente pelo amor cristão na cidade silenciosa e oculta”,
referiu o Pastor da diocese aos sacerdotes. Nos últimos dias, o Patriarca de Lisboa
tem falado sobre a relação da Igreja com a cidade, e a humanização da cidade, reforçando
a ideia de que “a Igreja não quer dominar a cidade”, numa intenção de, disse em declarações
à Agência ECCLESIA, “tranquilizar a própria cidade”. “Vivemos ainda numa memória histórica
de outras formas de a Igreja estar na cidade, – sublinhou D. José Policarpo – em que
as pessoas que não andam connosco, as que não são crentes, ou pouco crentes, reagem
espontaneamente às atitudes da Igreja, quer em questões éticas, quer em questões de
iniciativa, como se quiséssemos mandar na cidade”, acrescentou.
“Gostaria que
toda a sociedade fosse percebendo que esta relação sadia com a cidade é um contributo
próprio em que nós acreditamos muito e nós não podemos entrar nessa humanização da
cidade só com doutrina, temos de ir para o terreno, arregaçar as mangas e ajudar o
nosso irmão sobretudo o que sofre”, destacou.
Encíclica é uma síntese pessoal
O
tema do amor e da caridade em gestos concretos, também foi realçado pelo Cardeal Patriarca,
aludindo inclusive à primeira Encíclica de Bento XVI, frisando que “os cristãos devem
amar a todos, e não só os cristãos”, disse à comunicação social. D. José Policarpo
considera a Encíclica «Deus Caritas Est» “uma síntese pessoal muito assumida, penso
que na oração e na meditação, que só é possível ser feita por quem tem aquele grande
horizonte de compreensão teológica e filosófica que ele adquiriu durante anos”. “Se
alguém estava convencido que a Igreja estava contra os dinamismos humanos do amor,
a afectividade, a sexualidade, - continuou - ali está claramente dito que, trata-se
de perceber o amor como um caminho, cuja plenitude só encontramos e encontraremos
um dia, na plena manifestação do amor de Deus em nós. A sua grande intuição é uma
prioridade absoluta à acção, a ousadia da acção, não gastar tempo de mais a reflectir,
a analisar, a discursar, a ensinar mas fazer coisas ao serviço da caridade cristã”,
concluiu.
Durante esta semana o Seminário dos Olivais em Lisboa recebeu a Jornadas
de Formação do Clero, sob a temática «A Nova Evangelização depois do ICNE – Lisboa»,
onde foram apresentados diversos testemunhos sobre este acontecimento, reflectiu-se
sobre a «Novidade da Sociedade e da Cultura» e falou-se ainda sobre o pós-Congresso.