A indissolubilidade do matrimónio é um valor irrenunciável que faz parte da integridade
do mistério cristão, como salientou Bento XVI num discurso aos juizes do Tribunal
da Rota Romana
O principio da indissolubilidade do matrimónio pertence á integridade do mistério
cristão: salientou Bento XVI no discurso dirigido neste sábado á Rota Romana, por
ocasião da inauguração do ano judicial. Hoje infelizmente devemos constatar que
esta verdade ás vezes se encontra obscurecida na consciência dos cristãos e das
pessoas de boa vontade Segundo o Papa, que recordou como tal principio tivesse
sido reafirmado por João Paulo II com força; precisamente por este motivo é um engano
o serviço que se pode oferecer aos fiéis e conjugues não cristãos em dificuldades,
reforçando neles, talvez apenas implicitamente, a tendência a esquecer a indissolubilidade
da própria união. Desta maneira, acrescentou, a eventual intervenção da instituição
eclesial nas causas de nulidade, corre o perigo de aparecer uma simples constatação
de falência. Bento XVI pediu á Rota Romana que as sentenças de nulidade ou não
dos matrimónios cheguem em tempo razoável tendo em conta o bem das pessoas, e incita
os juízes da Sacra Rota Romana a conformar-se ao critério da procura da verdade, mesmo
que para as sentenças sobre os matrimónio se deva considerar um outro aspecto da
questão: o seu valor pastoral. Pode acontecer de facto - afirmam aludindo talvez
á atitude de declarar nulas as uniões para ir ao encontro das dificuldades dos fiéis
– que a caridade pastoral seja ás vezes contaminada por atitudes de complacência em
relação ás pessoas; estas atitudes podem parecer pastorais, mas na realidade não respondem
ao bem das pessoas e da própria comunidade eclesial; podem até mesmo resultar contraproducentes
em relação ao encontro salvífico de cada um com Cristo. O Papa recordou que “o
processo de nulidade de casamento constitui um instrumento para acertar a verdade
sobre o vínculo conjugal” e o seu objectivo não é aquele de “complicar inutilmente
a vida aos fiéis nem sequer de exacerbar o litígio, mas apenas de prestar um serviço
à verdade”.
“As sentenças eclesiásticas nesta matéria, incidem, de facto na
possibilidade ou não de receber a Comunhão eucarística”, explicou o Papa Joseph Ratzinger,
e precisamente por isso, continuou, se explica que este argumento tenha estado também
presente no decorrer do último Sínodo dos Bispo, sobre a Eucaristia.