2006-01-25 19:36:40

"DEUS É AMOR": PUBLICADA A PRIMEIRA ENCÍCLICA DE BENTO XVI


Cidade do Vaticano, 25 jan (RV) - Esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé, realizou-se a apresentação da primeira carta encíclica de Bento XVI: "Deus caritas est".

Participaram da apresentação, o Cardeal Renato Raffaele Martino, Presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", o Arcebispo William Joseph Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e o Arcebispo Paul Josef Cordes, Presidente do Pontifício Conselho "Cor Unum".

"Uma profunda e iluminadora reflexão sobre o amor cristão": assim o Cardeal Martino definiu a primeira encíclica de Bento XVI. Encíclica que se pode "indubitavelmente" definir como programática, no sentido mais alto do termo, porque, advertiu o purpurado, com a "Deus caritas est", o Papa convida todos a "irem ao centro da fé cristã".

O Presidente do "Justiça e Paz" ressaltou, por outro lado, que se trata de uma encíclica "permeada, sobretudo na primeira parte, de um grande cunho espiritual que, diante do risco de um ativismo social e caritativo sem alma, chama todos ao cultivo das razões e motivações espirituais do ser da Igreja e do ser cristãos, que dão sentido e valor ao fazer e ao agir".

Bento XVI _ disse ainda o Cardeal Martino _ evoca reiteradas vezes, a Doutrina Social da Igreja, de modo particular hoje, que o sonho marxista "desvaneceu", mas a globalização apresenta novos desafios à humanidade.

Portanto, a caridade _ foi a reflexão do Cardeal Martino _ "deve animar toda a existência dos fiéis leigos e, conseqüentemente, também sua atividade política, vivida como caridade social".

O Papa _ prosseguiu o Presidente do "Justiça e Paz" _ estimula portanto, "uma espiritualidade que rejeita quer o espiritualismo intimista, quer o ativismo social, e que saiba se expressar numa síntese vital que dê unidade, significado e esperança da existência".

"O amor _ caritas _ será sempre necessário _ concluiu o Cardeal Martino _ até mesmo na sociedade mais justa. Não existe nenhuma ordem estatal justa que possa tornar supérfluo o serviço do amor… O Estado que quer prover tudo, que absorve tudo em si, se torna definitivamente uma instância burocrática que não pode assegurar o essencial necessário ao homem sofredor e a todo homem, vale dizer, a amorosa dedicação pessoal."

Por sua vez, o Arcebispo Levada reiterou que a "Deus caritas est" é um texto forte que "quer opor-se ao uso errôneo do nome de Deus e à ambigüidade da noção de "amor" que é tão evidente no mundo de hoje".

O Santo Padre, acrescentou o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, "quer demonstrar que os dois conceitos não se opõem, mas se harmonizam entre si para oferecer uma concepção realista do amor humano, um amor que corresponde à totalidade _ corpo e alma _ do ser humano".

"A encíclica nos oferece uma visão do amor pelo próximo e da tarefa eclesial de viver a caridade como cumprimento do mandamento do amor, que encontra suas raízes na própria essência de Deus, que é Amor. A encíclica convida a Igreja a um renovado compromisso no serviço da caridade (diakonia), como parte essencial da sua existência e missão" _ disse Dom Levada.

A última parte da apresentação foi reservada ao Arcebispo Cordes, Presidente de "Cor Unum", que ressaltou a importância dessa encíclica para o organismo por ele presidido. Dom Cordes frisou que a "Deus caritas est" é, em absoluto, a primeira encíclica sobre a caridade.

Bento XVI _ explicou ele _ "nos chama a ouvir o espírito que nos conduz ao dar as nossas respostas aos que sofrem". "Hoje _acrescentou _ muitos estão prontos a ajudar quem sofre, e o registramos com gratidão e satisfação; mas isso pode insinuar nos fiéis a idéia de que a caridade não entra de modo essencial na missão eclesial."

O exercício da caridade _ reiterou _ ao invés, faz "parte integrante da herança do Salvador". As agências eclesiais não podem identificar-se com as ONGs e. por isso, se deve evitar o risco de secularismo nesse campo. O Presidente do "Cor Unum" se analisou a parte da encíclica, na qual Bento XVI critica o marxismo. "O Papa rejeita expressamente a teoria marxista da miséria e a define como uma "filosofia desumanizadora"."

Por último, uma nota técnica sobre a encíclica: o porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, declarou que a "Deus caritas est" foi "iniciada em Castel Gandolfo, no verão europeu passado, após os dias de repouso do Papa em Vale d'Aosta", norte da Itália".

Por sua vez, Dom Levada disse que a encíclica foi assinada no dia 25 de dezembro passado, tendo sido necessário um mês para as traduções. A "Deus caritas est" é a 294ª encíclica da história da Igreja. (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.