Amor como opção fundamental do cristão, e estilo novo de pontificado: assim classifica
a primeira enciclica de Bento XVI o secretário da Conferencia Episcopal Portuguesa
Uma encíclica que é um cartão-convite, um estilo novo de pontificado. É assim que
D. Carlos Azevedo, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), classifica
o novo documento de Bento XVI, hoje publicado, em declarações à Agência portuguesa
ECCLESIA.
O prelado considera que o tom programático que é, normalmente, associado
a uma primeira encíclica “Não se perde” com a formulação da “Deus caritas est”. “A
linguagem é lúcida, breve, profundamente bíblica e com argumentos da história”, indica.
D.
Carlos Azevedo admite que o tom da encíclica possa surpreender, por “não ter uma argumentação
puramente filosófica e teológica, mas é também testemunhal, colocando o amor como
opção fundamental do cristão”.
Nesse sentido, deve considerar-se como programática
a intenção de “suscitar no mundo um dinamismo de empenhamento e de resposta ao amor
divino, que é um convite”. “O Papa preocupa-se em eliminar quaisquer obstáculos para
aceder ao seu convite: primeiro, no que diz respeito a uma certa perspectiva do amor;
em segundo lugar, frisando que a justiça está antes da caridade”, explica.
A
construção do mundo que Bento XVI defende na sua encíclica “não se baseia numa ideologia
ou numa estratégia, mas numa verdade da condição humana”, esclarece o secretário da
CEP.
“No amor humano, mesmo na perspectiva do eros, há uma paixão que não se
deve perder, transformando e purificando esse dinamismo, com base na fé, para que
razão tenha uma paixão ordenada e possa construir o mundo em que não haja pobreza”,
prossegue.
D. Carlos Azevedo sublinha que há, na encíclica, palavras dirigidas
à Igreja que importa anotar: “A melhor defesa de Deus e do homem consiste precisamente
no amor”.
Recepção
A todos os responsáveis da acção caritativa
da Igreja é deixado o desafio de, perante a a dramática e difícil situação contemporânea
“não cair numa tentação ideológica, de discursos, nem na inércia”. “É precisa muita
humildade, porque os problemas são grandes, mas também muita paixão”, aponta D. Carlos
Azevedo.
O Bispo Auxiliar de Lisboa assinala que a encíclica deverá suscitar
uma natural curiosidade, “por ser a primeira”, com muita gente a “tentar lê-la”. “A
sua compreensão exigirá dos Pastores, concretamente em Portugal, uma introdução e
uma pedagogia de leitura”, conclui