A utopia cristã do amor sublinhada na apresentação da enciclica de Bento XVI, na Sala
de Imprensa da Santa Sé
Os responsáveis da Cúria Romana que apresentaram à imprensa a nova encíclica “Deus
caritas est”, de Bento XVI, sublinharam a necessidade da “utopia cristã do amor” no
mundo de hoje.
O Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício
Justiça e Paz (CPJP), falou dessa utopia, citando uma passagem do documento papal
em que se refere que “o amor- caridade – será sempre necessário, mesmo na sociedade
mais justa”.
Para este responsável, estamos na presença de uma “encíclica programática”,
no sentido em que o Papa convida todos a “ir ao centro da fé cristã”, que não é uma
teoria, mas um encontro pessoal com Jesus Cristo.
O presidente do CPJP considera
que esta é “uma encíclica percorrida por um grande sopro espiritual que, perante o
risco de um activismo social e caritativo sem alma, relembra a todos a necessidade
de cultivar as motivações espirituais do ser Igreja e do ser cristãos”.
Por
sua vez o Cardeal Renato Martino frisou que “a doutrina social da Igreja tornou-se
uma indicação fundamental neste novo cenário histórico” do mundo de hoje, muito marcado
pela globalização. A sua função é a de “despertar as forças espirituais e morais”,
apelando, em especial, aos leigos, para que “configurem, rectamente, a vida social”.
O
sucessor de Bento XVI à frente da Congregação para a Doutrina da Fé,o Arcebispo William
Joseph Levada, considera que esta encíclica “oferece uma visão do amor ao próximo
e da missão eclesial da caridade como cumprimento do mandamento do amor”. Esta missão
eclesial encontra, segundo o prelado, “a sua razão na própria essência de Deus, que
é amor”.
Segundo D. Levada, um segundo elemento de destaque é o convite deixado
à Igreja para um “renovado compromisso no serviço da caridade (diakonia), como parte
essencial da sua existência e missão”.
Já o presidente do Conselho Pontifício
“Cor Unum” (instância da Santa Sé responsável pela orientação e coordenação entre
as organizações e as actividades caritativas promovidas pela Santa Sé), Arcebispo
Josef Cordes, explicou que “a caridade da Igreja é feita de intervenções concretas”,
dando como exemplos recentes as intervenções no Paquistão ou no Darfur sudanês.