2006-01-24 18:15:25

RUGOVA: CATÓLICO OU MUÇULMANO?


Kosovo, 23 jan (RV) - Mistério sobre a conversão ao Catolicismo, de Ibrahim Rugova, líder que revelava em seu próprio nome, como a maioria da população de Kosovo, sua origem muçulmana.

A questão da religiosidade de Rugova, que permaneceu por anos, velada, volta à tona nestas horas, após sua morte ocorrida no último sábado, quando o governo deve decidir sobre o rito com que, na próxima quinta-feira, será realizado seu funeral.

"A família pediu às autoridades para respeitar seus últimas vontades" _ informou à agência de notícias ANSA, um funcionário do comitê estatal encarregado de organizar a cerimônia, não precisando quais seriam essas "últimas vontades".

É certo que o rito não aplicará regras muçulmanas, que prescrevem a sepultura até 24 horas depois da morte. Ainda não se sabe se serão respeitados procedimentos católicos, fé a que Rugova se sentia espiritualmente muito mais próximo. No momento, a hipótese mais provável é que prevaleça a prudência, evitando qualquer rito religioso público, e realizando uma cerimônia seguindo o protocolo laico do Estado.

A história da conversão de Ibrahim Rugova ficou na sombra até algumas semanas atrás, quando o jornal de Prístina, "Lajme", publicou a notícia de seu presumível Batismo, que teria sido administrado por João Paulo II, em abril de 1994. Rugova teria escolhido Pedro como nome católico.

Uma pessoa muito próxima de Rugova fala da questão com ceticismo: "Não tenho dúvidas de que quisesse ser batizado _ revela _ e de que gostaria de ter abraçado espiritualmente a fé católica, mas não o teria feito, do ponto de vista de uma conversão formal." Segundo esse amigo, o povo de Kosovo jamais compreenderia tal conversão.

Embora os muçulmanos da região não tenham tradição extremista, uma conversão religiosa poderia ameaçar o frágil equilíbrio sobre o qual se apoiava o consenso popular de Rugova.

Suas relações com João Paulo II eram conhecidas: em 8 de maio de 1999, durante os bombardeios da OTAN na ex-Iugoslávia, Rugova reuniu-se, no Vaticano, com o então Secretário para as Relações com os Estados, Dom Jean-Louis Tauran, pedindo-lhe explicitamente para encontrar o Papa. A audiência foi-lhe concedida em apenas 72 horas.

A seguir, os contatos com o Vaticano foram freqüentes: João Paulo II e Rugova encontraram-se, sucessivamente, em dezembro de 2003, e várias vezes, o Presidente convidou o Papa a visitar Kosovo, para o lançamento da pedra fundamental da Catedral dedicada a Madre Teresa de Calcutá _ outra obra católica patrocinada por Rugova.

Hoje, todas as missas celebradas em Kosovo foram dedicadas à memória de Ibrahim Rugova.(CM)







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