Cidade do Vaticano, 21 jan (RV) - A Igreja Católica informou que não pretende
reabilitar Judas Iscariotes, o homem que traiu Jesus Cristo.
"Isso não tem
fundamento" _ reagiu Walter Brandmüller, Diretor da Pontifícia Comissão de Ciências
Históricas. "Não posso imaginar de onde surgiu essa idéia" _ afirmou ele, desmentindo
as notícias publicadas pelo jornal britânico "The Times", de que ele, Brandmüller,
historiador do Vaticano, pretendia reabilitar Judas, aceitando a versão de que ele
desempenhava apenas a parte que lhe cabia, no plano de Deus.
A questão levantada
pelo jornal faz pensar, e os teólogos se perguntam: se Jesus deveria morrer na cruz,
como parte de um plano divino maior, Judas não teria simplesmente desempenhado seu
papel no drama, ao entregar o Filho de Deus aos ocupantes romanos? E, além disso,
o perdão não seria uma das bases do Cristianismo?
Judas era um dos 12 apóstolos
de Jesus. No Evangelho de São Mateus, parte do Novo Testamento, consta que ele se
arrependeu prontamente da traição, devolveu as 30 moedas de prata ao sacerdote judeu
que lhas dera e se enforcou.
A razão para o repentino interesse pela figura
de Judas é o achado de um evangelho apócrifo atribuído a ele, encontrado no Egito,
e que deve ser publicado neste semestre.
Alguns especialistas argumentam que
reabilitar Judas ajudaria nas relações entre a Santa Sé e o Judaísmo. Brandmüller
discorda: "O diálogo entre a Igreja Católica e os judeus prossegue, apoiado em outras
bases" _ disse. (CM)