BISPO DE BAUCAU PEDE QUE RELATÓRIO SOBRE TORTURAS ENTREGUE À ONU SEJA DE DOMÍNIO PÚBLICO
Dili, 21 jan (RV) - Nesta sexta-feira, o Presidente de Timor Leste, Xanana
Gusmão, entregou um relatório à Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York,
sobre supostas atrocidades cometidas pela Indonésia no país.
O documento afirma
que, de 84 mil e 183 mil pessoas foram assassinadas ou morreram de fome, ou por causa
de doenças, durante os 24 anos em que Timor Leste ficou sob domínio da Indonésia.
Além
disso, afirma que estupros e tortura eram amplamente disseminados e que as forças
indonésias usaram gás napalm contra a população do país.
A Indonésia afirmou
que o relatório não ajuda em nada e que os países deveriam olhar para o futuro. "Esta
é uma guerra de números e de dados sobre coisas que jamais aconteceram" _ disse o
Ministro da Defesa indonésio, Juwono Sudarsono.
O relatório tem 2.500 páginas
e foi produzido pela Comissão de Recepção, Verdade e Reconciliação de Timor Leste,
e se baseia em entrevistas com milhares de testemunhas.
Ao entregar o documento
ao Secretário-geral da ONU, Kofi Annan, Gusmão disse que o relatório deve servir para
"curar feridas", e não para impor punições.
O Bispo de Baucau, Dom Basílio
do Nascimento, comentou o relatório entregue às Nações Unidas: "Paz, perdão e reconciliação
são valores importantes, mas não devemos esquecer o sofrimento da população, que deve
se tornar partícipe das iniciativas do governo" _ disse o Bispo. "Falar de modo teórico
de amizade entre as nações, não funciona com quem teve vítimas entre os próprios caros,
por isso os líderes do Estado devem considerar a população um interlocutor necessário
sobre a questão" _ acrescentou.
Além das organizações de defesa dos direitos
humanos, também a Igreja Católica local pede a constante intervenção das Nações Unidas
para que "seja feita justiça para o povo de Timor Leste através de um tribunal internacional".
O
Bispo de Baucau também pediu que o relatório fosse divulgado à opinião pública.(BF)