......Passados apenas oito meses do seu pontificado, o Papa Bento XVI já deu provas
de que o ecumenismo constitui uma das grandes prioridades da sua missão Papal. Na
sua primeira mensagem, dirigida aos Cardeais eleitores, afirmou que o actual Papa
"assume como compromisso primário o de trabalhar sem poupar energias na reconstituição
da plena e visível unidade de todos os seguidores de Cristo. Esta é a sua ambição,
este é o seu impelente dever"(1). Não é algo novo, mas antes reafirma a missão começada
já nos anteriores Papas Paulo VI, (que assinou o Decreto conciliar Unitatis redintegratio)
e João Paulo II, que fez deste documento a inspiração do seu Pontificado.
O
Ecumenismo baseia-se obviamente naquilo que nos une e não no que nos separa, reconhecendo
o longo caminho já percorrido em favor da unidade. Este caminho, marcado por temores
e hesitações, tem dado os seus passos e frutos, como reconhece num outro discurso
dirigido à Delegação do Patriarcado ecuménico de Constantinopla (2).
A par
destes gestos sinceros e significativos, um outro campo de encontro das várias Igrejas
é o da reflexão teológica. Como teólogo, o Papa é particularmente sensível a este
aspecto, embora reconhecendo a sua enorme dificuldade.
Contra aquilo que se
pode chamar um "Ecumenismo de volta" - renegar a própria tradição e história de Fé,
em favor da unidade - o Papa acentua uma necessária "unidade na multiplicidade e multiplicidade
na unidade"(3). Deste modo, reafirma que "a unidade que buscamos não é absorção nem
fusão, mas respeito pela plenitude multiforme da Igreja"4.
Este desafio que
Bento XVI nos lança deve estar pleno de esperança e dum entranhado realismo. É um
apelo urgente lançado a toda a Igreja católica pelo seu pastor e cabeça. Para todos
os fiéis, é um chamamento ao acolhimento, à escuta, à partilha e à aceitação, sabendo
que contamos com a força da oração e a luz do Espírito Santo. À medida das forças
e possibilidades de cada um, somos conscientes que a unidade (ou a divisão) começam
no interior do próprio coração.