BENTO XVI: "NO BATISMO, A CRIANÇA É INSERIDA EM UM GRUPO DE AMIGOS QUE NUNCA A ABANDONARÁ
NA VIDA E NEM NA MORTE"
Cidade do Vaticano, 08 jan (RV) - Hoje, dia em que a liturgia da Igreja celebra
o Batismo do Senhor, retomando um costume de João Paulo II, Bento XVI _ pela primeira
vez em seu pontificado _ ministrou o Batismo a dez crianças _ cinco meninos e cinco
meninas, todos italianos _ em cerimônia realizada na Capela Sistina.
No Brasil,
assim como em outros países, hoje se celebra a Epifania do Senhor, por razões pastorais.
A festa do Batismo do Senhor será celebrada amanhã, segunda-feira, de acordo com o
Diretório Litúrgico da CNBB.
"Desejamos, para essas crianças, uma vida boa,
uma vida verdadeira, a felicidade, mesmo num futuro ainda desconhecido... _ disse
o Papa, em sua homilia. Não podemos lhes propiciar esse dom no futuro _ acrescentou,
dando uma aula de catecismo aos pais e familiares dos bebês _ e por isso, confiamos
no Senhor, para obtermos d'Ele esse dom. No Batismo, a criança é inserida em um grupo
de amigos que nunca a abandonará na vida e nem na morte. Esse grupo é a família de
Deus, que traz consigo a promessa da eternidade. Uma família que sempre estará a seu
lado, até mesmo nos dias do sofrimento, nas trilhas sombrias da vida, e lhes dará
consolação, conforto e luz."
"Esta família de Deus, esta companhia de amigos
_ observou o Pontífice _ é eterna, porque é a comunhão d'Aquele que venceu a morte,
que tem nas mãos as chaves da vida. Fazer parte da família de Deus quer dizer estar
em comunhão de Cristo, que é a vida e dá o amor eterno, além da morte. Amor e verdade
são fontes de vida. A vida sem amor não é vida."
"Em nossos tempos, é necessário
dizer "não" à cultura amplamente dominante da morte. Essa anticultura _ explicou _
se evidencia, por exemplo, na fuga, na droga, na fuga da realidade, na ilusão, na
falsa felicidade que se exprime na mentira, na fraude, na injustiça, no desprezo pelo
próximo, pela solidariedade e pela responsabilidade em relação aos pobres e aos que
sofrem; e que se manifesta em uma sexualidade de puro divertimento, sem responsabilidades,
que se torna uma "coisificação" do homem. Que transforma o homem numa mercadoria,
numa coisa, e não mais uma pessoa."
"Nós dizemos "não" a esta vida aparente,
que é na realidade apenas instrumento da morte, para cultivar a cultura da vida. O
Batismo de hoje _ acrescentou _ é um grande "sim" à vida, o "sim" a Cristo, o "sim"
ao vencedor sobre a morte."
"O Batismo é o dom da vida e o desafio de viver
a vida. O Batismo une os cristãos de todas as confissões. Como batizados, somos todos
filhos de Deus em Jesus Cristo, nosso mestre e Senhor" _ concluiu o Pontífice.
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Encerrada
a cerimônia na Capela Sistina, o Papa recitou a oração mariana do Angelus com os fiéis,
da janela de seus aposentos, na residência apostólica no Vaticano.
Nesta festa
do Batismo de Jesus, que encerra o tempo litúrgico do Natal, o Papa quis destacar
o valor ecumênico do sacramento da iniciação cristã, assim como o fizera pouco antes,
na Missa do Batismo, na Capela Sistina.
"Que a solenidade de hoje _ afirmou
Bento XVI aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro _ seja ocasião
propícia para todos os cristãos redescobrirem, com a alegria, a beleza de seu Batismo
que, se vivido com fé, é uma realidade sempre atual: nos renova continuamente à imagem
do homem novo, na santidade dos pensamentos e das ações."
O Papa exortou também
a compreender sempre mais o valor do nosso Batismo e testemunhá-lo com uma digna conduta
de vida.
"O Batismo das crianças _ continuou o Pontífice _ exprime e realiza
o mistério do novo nascimento à vida divina em Cristo: os pais levam os filhos à fonte
batismal, que representa o "ventre" da Igreja, de cujas águas bentas são gerados os
filhos de Deus. O dom recebido pelos bebês quer ser acolhido por eles, quando adultos,
de modo livre e responsável. Esse processo de amadurecimento _ concluiu o Papa _ os
levará a receber o sacramento da Crisma ou Confirmação que, assim, confirmará o Batismo
e conferirá a todos o sigilo do Espírito Santo." (CM)