2006-01-10 18:28:30

BENTO XVI AO CORPO DIPLOMÁTICO: APELO EM FAVOR DA PAZ MUNDIAL


Cidade do Vaticano, 09 jan (RV) - O mundo atual é um mundo marcado por conflitos "abertos ou latentes", mas também é um mundo no qual se registra um esforço corajoso em direção da paz. Esses foram os temas afrontados por Bento XVI, em sua mensagem para o recente Dia Mundial da Paz, e que retornaram com intensidade, na audiência que o Papa concedeu, esta manhã, aos membros do corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé.

Bento XVI fez votos, entre outras coisas, de que possam coexistir pacificamente na Terra Santa, palestinos e israelenses, condenou o terrorismo e invocou a reconciliação para as áreas de conflito no globo, tais como o Golfo Pérsico, o Líbano, e a região de Darfur, no Sudão, pedindo aos Estados que reduzam as despesas com armamentos, destinando os recursos à solução das emergências humanitárias da Terra.

"O sangue derramado não grita vingança, mas invoca respeito pela vida e pela paz": esse foi um dos muitos apelos que os embaixadores junto à Santa Sé ouviram dos lábios de Bento XVI, no tradicional discurso de votos de feliz ano novo aos diplomatas.

Após a saudação do decano do corpo diplomático _ o embaixador da República de San Marino, Giovanni Galassi _ o discurso do Pontífice desenvolveu-se no sentido de pedir a paz: uma paz baseada na "verdade".

"O compromisso pela vida é a alma da justiça", afirmou Bento XVI, estigmatizando aqueles "sistemas políticos" que, no passado, basearam sua política na "mentira" e na "lei do mais forte".

A propósito da Terra Santa, o Santo Padre ressaltou que "nela, o Estado de Israel deve poder subsistir pacificamente, de conformidade com as normas do Direito Internacional; nela, igualmente, o povo palestino deve poder desenvolver serenamente suas instituições democráticas para um futuro livre e próspero".

Acerca do terrorismo, Bento XVI reconheceu que "suas causas são numerosas e complexas; as causas ideológicas e políticas não são as últimas, misturadas a concepções religiosas aberrantes", que têm como vítimas inteiras populações inocentes. "Nenhuma circunstância pode justificar tal atividade criminosa, que cobre de infâmia quem a cumpre, e que é ainda mais condenável quando usa uma religião como escudo, reduzindo, desse modo, a pura verdade de Deus à medida da própria cegueira e perversão moral" _ refletiu.

As diversidades entre os povos não deve ser um problema para a coexistência. E para que o intercâmbio cultural reforce a tolerância, o Papa pediu, dentre outras coisas com clareza, que sejam eliminados os obstáculos para o acesso "à informação por meio da imprensa e dos modernos meios informáticos". Pediu também que seja intensificado o intercâmbio de docentes e estudantes universitários no campo das disciplinas humanísticas de várias culturas.

"O compromisso com a verdade _ disse o Santo Padre _ dá fundamento e vigor ao direito de liberdade. Somente com a primeira se torna possível o segundo, em todos os âmbitos pessoais e sociais da existência."

"Infelizmente em alguns Estados, até mesmo entre aqueles que gozam de tradições culturais multisseculares, a liberdade de religião, longe de ser garantida, é, aliás, gravemente violada, em particular em relação às minorias. A esse respeito gostaria somente de recordar quanto estabelecido com grande clareza na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Os direitos fundamentais do homem são os mesmos em todas as latitudes; e, entre eles, um lugar de primeiro plano deve ser reconhecido ao direito à liberdade de religião, porque diz respeito à relação humana mais importante, a relação com Deus. A todos os responsáveis pela vida das nações gostaria de dizer: se vocês não temem a verdade, não podem temer a liberdade!"

O pensamento do Papa se deteve no Líbano, no Iraque e na África, de modo particular na região dos Grandes Lagos e na região de Darfur, no Sudão.

Por fim, Bento XVI falou da "esperança" nascida do compromisso pela paz; esperança à qual a diplomacia pode oferecer e já oferece uma grande contribuição. Esperança que, para o Pontífice, deve ser traduzida em solidariedade para com as pessoas que sofrem a fome, a miséria, a necessidade de transformar-se em emigrantes, ou pior ainda, em mercadoria humana, como se dá _ asseverou o Papa _ com "a chaga do tráfico de pessoas, que continua sendo uma vergonha deste nosso tempo".

Atualmente, 174 Estados mantêm relações diplomáticas com a Santa Sé. A estes se acrescentam a União Européia e a Soberana Ordem Militar dos Cavaleiros de Malta, além de duas Missões de caráter especial: a Missão da Federação Russa, conduzida por um embaixador; e o Escritório da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), conduzido por um diretor. (RL)







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