2006-01-01 13:38:57

Um sobressalto de coragem e confiança em Deus e no homem, para construir a paz: Bento XVI na homilia do Dia Mundial da Paz.Antes da oração do Angelus indica o diálogo, o perdão e a solidariedade como única estrada que conduz á verdadeira paz.


Aos peregrinos de lingua portuguesa faço votos de Boas festas, e um Ano Novo sereno e feliz na Paz do Senhor e de Maria Santissima. Com a minha Benção Apostólica. RealAudioMP3
Neste primeiro dia de 2006, dirigindo-se, ao meio-dia, depois da recitação do Angelus, aos peregrinos presentes na Praça de São Pedro e a todos os que o seguiam através da rádio e da televisão, Bento XVI quis saudar expressamente na nossa língua.
De manhã, na basílica de São Pedro, repleta de fiéis e com uma solene representação de embaixadores de todo o mundo, neste XXXIX Dia Mundial da Paz, desta vez sobre o tema – “Na verdade, a paz”, Bento XVI advertiu que “é necessário um ‘sobressalto’ de coragem e de confiança em Deus e no homem para decidir percorrer o caminho da paz”. O Papa sublinhou que “ao perdurar de situações de injustiça e de violência” em variadas zonas da terra, se apresentam hoje em dia “novas e mais insidiosas ameaças à paz, como o terrorismo, o niilismo e o fundamentalismo fanático”, razões que impõem a necessidade de “actuar conjuntamente a favor da paz”.
Observando que “esta grande aspiração do coração de cada homem e mulher se edifica dia a dia com o contributo de todos”, Bento XVI convidou a tirar partido da “admirável herança que o Concílio Vaticano II nos deixou com a Constituição pastoral Gaudium et Spes”, onde se afirma nomeadamente que a humanidade não conseguirá “construir um mundo verdadeiramente humano… se não se dirigirem todos com espírito renovado à verdade da paz”. Quando este documento conciliar era promulgado, em Dezembro de 1965, há quarenta anos, o momento histórico que se vivia não era muito diferente do actual. Também nessa altura, como agora, tensões de vário tipo se perfilavam no horizonte mundial”.
“Perante o perdurar de situações de injustiça e de violência que continuam a oprimir diversas zonas da terra, perante aquelas outras (situações) que se apresentam como as novas e mais insidiosas ameaças à paz – o terrorismo, o niilismo e o fundamentalismo fanático – torna-se mais do que nunca necessário actuar conjuntamente a favor da paz. É necessário um ‘sobressalto’ de coragem e de confiança em Deus e no homem para optar pelo caminho da paz.”
Celebrando a Igreja a 1 de Janeiro a solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus, não faltou na homilia de Bento XVI uma referência atenta à figura d’ “aquela por meio da qual entra no mundo o Filho de Deus”. No início do novo ano – observou o Papa – somos convidados a aprender na “escola de Maria”, na escola da discípula fiel do Senhor, para aprender d’Ela a acolher na fé e na oração a salvação que Deus quer difundir sobre todos os que confiam no seu amor misericordioso”.
Comentando a primeira leitura da Missa – a bênção contida no Livro dos Números, Bento XVI explicou que “se trata da bênção que os sacerdotes costumavam invocar sobre o povo, no final das grandes festas litúrgicas, particularmente na festa do ano novo”. É “um texto que não limita a enunciar princípios, mas tende a realizar o que se afirma”, pois “no pensamento semítico, a bênção do Senhor produz, por força própria, bem-estar e salvação (como aliás a maldição traz consigo desgraça e ruína). A eficácia da bênção concretiza-se depois, especificamente, da parte de Deus, no facto de nos proteger, no ser-nos propício, no dar-nos a paz, no oferecer-nos a abundância da felicidade”.
Ao meio-dia, dirigindo-se, da janela dos seus aposentos, como todos os domingos, aos fiéis congregados na Praça de São Pedro, Bento XVI referiu-se sobretudo ao Dia Mundial da Paz, que se começou a celebrar há 38 anos, por vontade de Paulo VI
Evocando o tema escolhido para este ano – “Na verdade, a paz”, o pontífice fez notar que este “tema da verdade como fundamento da autêntica paz” foi tratado pelo beato João XXIII na Encíclica “Pacem in terris”. “Quando o homem se deixa iluminar pelo esplendor da verdade, torna-se interiormente corajoso artífice da paz”. Uma grande lição que vem também do tempo litúrgico do Natal:
“Para acolher o dom da paz, temos de nos abrir à verdade que se revelou na pessoa de Jesus, o qual nos ensinou o conteúdo e ao mesmo tempo o método da paz, isto é, o amor. De facto, Deus, que é o Amor perfeito e subsistente, revelou-se em Jesus desposando a nossa condição humana. Deste modo, indicou-nos a via da paz: o diálogo, o perdão, a solidariedade. Eis a única estrada que conduz à verdadeira paz”.









All the contents on this site are copyrighted ©.