JESUÍTAS PEDEM AO PAPA UMA IGREJA "MAIS PRÓXIMA DOS POBRES"
Madri, 29 dez (RV) - A Companhia de Jesus na Espanha, através do centro de
estudos "Cristianismo e Justiça", elaborou uma "reflexão de fim de ano" sobre os principais
acontecimentos vividos na Igreja e no mundo, no decorrer deste 2005. Entre eles, os
jesuítas destacam a eleição do Cardeal Ratzinger como sucessor de João Paulo II, o
que, em sua opinião, "suscitou, ao mesmo tempo, decepção e esperança".
Para
o "Cristianismo e Justiça", se, por um lado, "o perfil conservador" de Bento XVI "não
convida a ver nele o reformador que a Igreja e seus fiéis hoje necessitam, em benefício
de toda a humanidade", por outro, "a simplicidade e discrição" demonstradas até agora,
pelo Santo Padre, "permite alimentar esperanças de que seu pontificado possa contribuir
para que a Igreja se oriente numa direção mais evangélica, mais acolhedora e mais
próxima dos pobres". Para os jesuítas, a pobreza é "sem dúvida, a pior notícia do
ano".
Em sua análise, os jesuítas abordam tanto as "preocupantes sombras" como
as "luzes da esperança" deste ano que está para terminar.
Entre os assuntos
abordados pela Companhia de Jesus destaca-se a "agitação crescente" que se vive na
Espanha. A reflexão sublinha que "há políticos que parecem interessados em restaurar
um ambiente de hostilidade política e divisão social semelhante àquele que, há quase
setenta anos, nos levou a um conflito civil que todos acreditamos ter superado".
Os
jesuítas também recordam "a vergonha humana dos episódios de Ceuta e Melilla", bem
como a violência que continua somando vítimas no Iraque e na Palestina. Longe desses
lugares, a análise alerta sobre "outras 21 guerras que continuaram gerando fome e
sofrimento no resto do Planeta".
"O genocídio silencioso da AIDS voltou a tirar
a vida de mais de seis mil pessoas a cada dia, três milhões ao finalizar o ano", destaca
o centro de estudos, que responsabiliza a "alarmante atitude da indústria farmacêutica"
pela expansão da pandemia. (MZ)