A sociedade deve reconhecer a necessidade de imigrantes
A sociedade europeia deve aprender a reconhecer a necessidade que tem de imigrantes
e o seu papel positivo na vida dos países. Esta é a convicção do director da Obra
Católica Portuguesa de Migrações, Pe. Rui Pedro, que aponta a legalidade como o melhor
caminho para facilitar o acolhimento e a integração dessas pessoas.
A União
Europeia calcula que, entre 2010 e 2030, sejam precisos 20 a 30 milhões de imigrantes
para compensar o envelhecimento da população. Para cativar os imigrantes altamente
qualificados, prevê-se o estabelecimento de um "Cartão Verde", que lhes permitiria
obter autorização de residência em qualquer Estado membro da União Europeia.
No
último Congresso da Pastoral das Migrações do Conselho das Conferências Episcopais
da Europa, os participantes manifestaram claramente a sua preocupação perante a chamada
“fuga de cérebros”. Perante as novas medidas previstas pela UE, o Pe. Rui Pedro considera
que “a Europa quer sugar os outros”, apelando a que esta imigração qualificada seja
feita “sem empobrecer os países de origem”.
Mais preocupante, contudo, é a
situação de ilegalidade de muitos dos trabalhadores não-qualificados, como acontece
em Portugal. “Os trabalhos que os europeus já não fazem irão precisar de cada vez
mais imigrantes e isto exige que a Europa facilite a imigração legal”, aponta o director
da OCPM.
“Se mantivermos o estilo de política que estamos a levar, haverá um
crescimento das alternativas ao Estado, como as redes mafiosas de tráfico de pessoas
ou as tentativas desesperadas de chegar às praias da Europa, verdadeiros suicídios
no mar”, alerta.
A imigração em Portugal aumentou seis por cento em 2004, sendo
a Europa e a América Central e do Sul as principais origens dos imigrantes, segundo
dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O director da OCPM
aponta, ainda, para um aumento da emigração, dadas as dificuldades crescentes no
país.
Toda esta situação desafia a Igreja a “investir mais numa cultura de
acolhimento, de solidariedade para com as migrações”, conclui o Pe. Rui Pedro.