Cidade do Vaticano, 29 dez (RV) - O aborto tornou-se um massacre de enormes
dimensões. O alerta é do Cardeal Alfonso Lopez Trujillo, Presidente do Pontifício
Conselho para a Família. Em entrevista à agência de notícias vaticana _ FIDES _ o
purpurado afirma que as interrupções voluntárias da gravidez no mundo já chegam a
mais de 50 milhões por ano.
Pior do que a estatística, para o Cardeal Trujillo,
é o fato que muitas mulheres não manifestam "sequer um sentimento de culpa depois
de fazer um aborto e sacrificar uma vida inocente". Entre as vítimas, o Cardeal inclui
os embriões cujo desenvolvimento é interrompido pelo uso da pílula do dia seguinte.
A
responsabilidade pela banalização do aborto, para o Cardeal Trujillo, é, em grande
parte, dos governos. Ele afirma que "leis caprichosas e arbitrárias dos parlamentos"
criam aberrações como a legislação dos Estados Unidos, onde o embrião e o feto não
são considerados como pessoa humana antes do nascimento e, portanto, não têm nenhum
direito jurídico reconhecido.
Em outros países, prossegue o Cardeal, a interrupção
da gravidez é permitida até a décima segunda semana de gestação.
O purpurado
conclui sua entrevista à FIDES dizendo que o problema da permissividade das leis deve
ser considerado trágico, assim como é trágico o número de crimes assustadores e nefandos
cometidos com as diferentes estratégias do aborto.
No contexto dessa entrevista,
a FIDES lembra que, no Brasil, a interrupção voluntária da gravidez é permitida somente
em dois casos: quando a vida da mãe está em risco ou quando a mulher foi vítima de
estupro. No entanto, muitos juízes autorizam o aborto em casos de malformação do feto.
A
lei que trata da interrupção no Brasil é de 1940, e prevê que toda cirurgia precisa
da autorização de um médico. A pena para quem pratica um aborto ilegal é de um a quatro
anos de prisão, mas pode aumentar para 14 anos caso a mulher sofra complicações ou
morra.
Na América Latina, o aborto representa a primeira causa de morte entre
as mulheres, conforme levantamento da Organização Pan-americana da Saúde. Segundo
a FIDES, temendo represálias da sociedade, milhares de mães não buscam ajuda médica
depois de abortos mal sucedidos e acabam morrendo por causa de infecções e outras
complicações. (RW)