A Igreja, na sua missão evangelizadora, quis dedicar um tempo para aprofundar, contemplar
e assimilar o Mistério da Encarnação do Filho de Deus, tempo este que conhecemos como
o Natal.
O dia 25 de Dezembro não é, necessariamente, a data histórica do
nascimento de Jesus em Belém, na Judéia, no ano 748 da fundação de Roma. O "Dies Natalis"
ou "Natalis Domini" foi marcado no dia 25 de Dezembro pela Igreja, com o Papa Libério,
desde o século IV, a fim de suplantar a festa pagã do deus Sol, "Dies natalis invicti
solis", celebrada no solstício de inverno.
Para afastar os fiéis da prática
dessas festas idolátricas, a Igreja quis ressaltar que a verdadeira luz que ilumina
todo homem é Cristo e a celebração de seu nascimento na carne humana é a solenidade
própria para afirmar a autêntica fé no mistério da Encarnação do "Verbo", contra as
grandes heresias cristológicas dos séculos IV e V, solenemente afirmada nos quatro
concílios ecuménicos de Niceia, Éfeso, Calcedónia e Constantinopla.
Os primeiros
dados históricos relativos à festa do nascimento de Jesus Cristo remontam ao ano 336,
em Roma. A eles estão ligados dois acontecimentos determinantes: o Édito de Milão,
em 313, pelo qual o imperador romano Constantino deu liberdade de culto aos cristãos,
e a existência de uma festa pagã, iniciada por Aureliano, no ano de 274, a 25 de Dezembro,
em que se divinizava o sol, comemorando-se o seu "nascimento".
Na Igreja do
Oriente, o Natal, como manifestação ou "Epifania" de Jesus, celebra-se no dia 6 de
Janeiro. A solenidade da Epifania passou para o ocidente nos finais do séc. IV, pretendendo-se
celebrar a vinda dos magos, a consequente manifestação de Jesus Cristo como senhor
de todos os povos, luz do mundo.
Os textos bíblicos não especificam o dia ou
mês do nascimento de Jesus. Segundo a tradição captada por São Lucas (2,4-7), o nascimento
de Jesus aconteceu em Belém de Judá, a terra do rei David, de cuja linhagem era José,
o esposo de Maria.
O nascimento terá ocorrido no ano 6 ou 7 a.C. O início da
era cristã, fixado por Dionísio, o Exíguo (c. sécs. V-VI), foi mal calculado, pois
o rei Herodes morreu no ano 4 a.C.
Com São Leão Magno, o Papa do concílio
de Calcedónia, deu-se a essa solenidade o fundamento teológico, definindo-a como "sacramentum
nativitatis Christi" para indicar seu valor salvífico.
Liturgicamente, a Solenidade
é caracterizada por três missas: a da Meia-Noite ou do Galo ("ad noctem" ou "ad galli
cantum"), que remonta, parece, ao papa Sisto III, por ocasião da reconstrução da basílica
liberiana no Esquilino (Santa Maria Maior), depois do concílio de Éfeso, em 431; a
da Aurora ("in aurora"), originariamente em honra de Santa Anastácia, que tinha um
culto celebrado com solenidade em Roma no século VI e, na liturgia actual, conserva
ainda uma oração de comemoração; a do Dia ("in die"), a que primeiro foi instituída,
no séc. IV.
A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II confirma a estrutura
desse tempo, que vai das primeiras Vésperas do Natal até o Domingo que se segue à
Epifania. Enriqueceram-se os textos litúrgicos das celebrações e inseriu-se a missa
vespertina da vigília; solenizou-se a maternidade divina de Maria, bem como o baptismo
de Jesus.
O tempo de Natal celebra a vinda de Jesus, o Filho de Deus, e a sua
manifestação aos homens. Com o seu centro no Natal (25 de Dezembro), compreende as
festas da Sagrada Família (Domingo após o Natal, ou, se este não ocorrer, a 30 de
Dezembro); a de Santa Maria, Mãe de Deus, a 1 de Janeiro; a Solenidade da Epifania
do Senhor, a 6 de Janeiro, ou no Domingo que ocorre entre os dias 2 e 8 de Janeiro.
O tempo de Natal termina com a festa do Baptismo do Senhor, no Domingo após
a Epifania, ou, se esta coincide com o dia 7 ou 8 de Janeiro, na segunda-feira seguinte.
Têm
também lugar a celebração das festas de S. Estêvão, S. João evangelista e dos Santos
Inocentes respectivamente a 26, 27 e 28 de Dezembro, dentro da oitava do Natal, que
vai do dia 26 até 1 de Janeiro, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, Dia Mundial
da Paz.