EPISCOPADO ARGENTINO ANALISA POSSIBILIDADE DE PEDIR REUNIÃO COM KIRCHNER
Buenos Aires, 21 dez (RV) - Até sexta-feira passada, havia a impressão generalizada
na Igreja e no segundo escalão do governo argentino, de que o ano acabaria sem um
encontro entre o Presidente Néstor Kirchner e a presidência do Episcopado do país,
segundo informa o jornal "Clarín", em sua edição eletrônica de segunda-feira.
O
Presidente estava envolvido com o seu anúncio de cancelamento da dívida, e os bispos,
preocupados com as celebrações natalinas. Mas no final da semana, Kirchner parece
ter dado "sinal verde" e as esperanças de um encontro se reacenderam: "Quando quiserem,
eu me encontrarei com os bispos. Basta que me peçam uma audiência. Nunca fui convidado
pelo Episcopado" _ disse o Presidente ao "Clarín".
Fontes eclesiásticas não
descartaram _ frente a esse sinal do Presidente _ que a liderança do Episcopado considere
a possibilidade de solicitar este encontro com ele. Neste caso, a decisão estaria
nas mãos do Presidente da Conferência Episcopal, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, do
primeiro Vice-presidente, Dom Luis Villalba, e do segundo, Dom Agustín Radrizzani,
além do Secretário-geral, Dom Sergio Alfredo Fenoy.
Há tempos os desencontros
e desconfianças permeiam as relações entre o governo e a Igreja, na Argentina. O diálogo
entre o Presidente e os responsáveis pela Igreja deixou de existir há mais de um ano
e, neste meio tempo, as relações se deterioraram, em razão de uma série de fatos,
como a decisão de Kirchner, de exonerar unilateralmente, o Bispo castrense, Dom Antonio
Baseotto, por suas duras críticas ao Ministro da Saúde, Ginés González García.
O
último episódio se deu há um mês, quando Kirchner criticou duramente os bispos, por
seu último documento.
Desde que os desencontros tiveram início, percebeu-se
a conveniência de que o Presidente e os bispos se reunissem, para encurtar distâncias
e recriar a confiança mútua. Nesse contexto, há quem pense que o novo responsável
pela Pastoral Social, Dom Jorge Casaretto, que tem bom acesso à Casa Rosada, poderia
ser a figura-chave na reconstrução do canal de diálogo.
O problema agora,
é que os bispos estão em tempo de celebrações natalinas e, em janeiro, o Cardeal Bergoglio
viajará à Espanha para dirigir um retiro espiritual para os bispos espanhóis. Qualquer
iniciativa no sentido de um encontro com Kirchner deve ser rápida, ou poderia se perder.
(MZ)