2005-12-20 17:00:53

DISTÚRBIOS NA FRANÇA REPRESENTAM INSATISFAÇÃO DOS JOVENS, DIZ BENTO XVI


Cidade do Vaticano, 19 dez (RV) - Bento XVI recebeu em audiência, nesta segunda-feira, o novo embaixador da França junto à Santa Sé, Bernard Kessedjian, para a apresentação de suas credenciais.

Durante o colóquio, o Pontífice comentou os violentos distúrbios ocorridos nas periferias das grandes cidades francesas em outubro e novembro passados. Para Bento XVI, as dramáticas tensões sociais observadas na França revelam uma "profunda insatisfação de uma parte da juventude", especialmente dos filhos de imigrantes.

Portanto, prosseguiu o Papa, é dever do Estado e da sociedade "considerar as necessidades dos jovens e oferecer a eles uma resposta adequada", uma vez que a riqueza econômica, cultural e social da França foi construída com a participação das numerosas famílias de imigrantes, que chegaram ao país depois da II Guerra Mundial.

"As violências internas que marcam a sociedade e que devem ser condenadas, revelam a profunda insatisfação de uma parte da juventude e convidam a considerar suas reivindicações, oferecendo uma resposta adequada, no contexto de um diálogo construtivo. Trata-se _observou o Santo Padre_ de dar um passo suplementar para a integração social de todos, tanto na França como nos demais países europeus, em nome da dignidade intrínseca de cada pessoa, que é o centro da sociedade."

O Papa destacou a importância da família na formação dos jovens. Para ele, as "instituições conjugal e familiar são fundamentos da vida social, insubstituíveis na educação da juventude, que associam autoridade e sustento afetivo, dando aos jovens os valores indispensáveis a seu amadurecimento pessoal, e o senso de bem comum".

Enfim, uma recomendação em matéria de bioética, setor onde se revela, sempre mais, "a tendência a considerar o ser humano, e de modo particular o embrião, como um mero objeto de pesquisa"...

"É importante afrontar as questões éticas, mas não partindo do ponto de vista científico, e sim da perspectiva do ser humano _ disse Bento XVI _ que deve, absolutamente, ser respeitado. Sem aceitar esse critério moral _ acrescentou _ será difícil criar uma sociedade verdadeiramente humana, que respeite todos os seres humanos que a compõem, sem qualquer tipo de distinção."

O Papa falou ao novo embaixador francês sobre o verdadeiro significado da laicidade do Estado. Este ano, lembrou o Pontífice, a França celebra o 100º aniversário da lei de separação entre Igreja e Estado. Contudo, para Bento XVI, "a laicidade do Estado não impede a Igreja de participar, sempre de forma mais ativa, da vida da sociedade, no respeito às competências de cada um". O Papa entende que a laicidade seja uma "sana distinção dos poderes do Estado e da Igreja, não uma oposição entre ambos".

O novo embaixador da França junto à Santa Sé tem 62 anos, é casado, tem duas filhas e em 28 anos de carreira diplomática representou seu país no México, na Argélia, na Grécia, na ONU e na Comissão Européia. (RW)







All the contents on this site are copyrighted ©.