SANTA SÉ: "LIBERALIZAÇÃO DO COMÉRCIO NÃO É FIM EM SI MESMO"
Hong Kong, 19 dez (RV) - A liberalização do comércio não deve ser considerada
como um fim em si mesmo, mas sim como um meio para atingir objetivos ulteriores, como
o desenvolvimento integral de cada pessoa e a redução da pobreza. Foi o que afirmou
a Santa Sé, num documento divulgado no sábado, em Hong Kong, por ocasião da reunião
de ministros da Organização Mundial do Comércio (OMC).
A Santa Sé foi representada,
na reunião, pelo Observador Permanente junto às organizações das NN. UU. em Genebra,
Dom Silvano Maria Tomasi.
"As regras do comércio internacional devem favorecer
o maior compromisso com o desenvolvimento humano e a melhoria das condições de vida
dos pobres" _ disse Dom Tomasi. Ele se mostrou confiante em que a OMC possa garantir
a todos os países, principalmente aos menos desenvolvidos, "iguais oportunidades de
participação e contribuição nos acordos comerciais e na defesa de seus direitos".
Dom
Tomasi também abordou questões específicas do desenvolvimento e do mercado agrícola
e não-agrícola, que foram centrais nas negociações de Hong Kong. Segundo a Santa Sé,
se deve priorizar os setores da alimentação, saúde, educação, trabalho e meio ambiente,
de acordo com as diversas situações econômicas e sociais dos Estados.
O documento
denuncia que as atuais imposições fiscais dificultam a produção dos países em desenvolvimento,
mas também constata as dificuldades para se chegar a uma liberalização, já que os
países desenvolvidos não seriam competitivos em muitos produtos agrícolas.
"Estudos
recentes demonstraram que a eliminação de impostos e subsídios no setor têxtil, possibilitou
o aumento das exportações da África, em mais de 13%" _ afirmou Dom Tomasi. (BF)