PROCESSO PELO HOMICÍDIO DE IR. DOROTHY: PRESSÃO AGORA É PELA CONDENAÇÃO DOS MANDANTES
Belém, 13 dez (RV) - Clodoaldo Carlos Batista e Raifran das Neves Sales começaram
a cumprir, no último domingo, suas longas penas de reclusão, depois de terem sido
condenados pelo assassinato da religiosa norte-americana, Ir. Dorothy Stang, no estado
do Pará.
O julgamento dos dois foi visto como um teste para se medir a disposição
do Brasil em combater os assassinatos ligados à disputa de terras na Amazônia.
Os
aliados de Ir. Dorothy disseram que agora vão lutar para obter a condenação dos fazendeiros
acusados de oferecer aos dois condenados, 50 mil reais para matar a ativista, que
lutava contra o corte e a retirada de madeira valiosa da selva amazônica. "Isso é
só o começo" _ disse Margaret, irmã de Dorothy Stang, enquanto ativistas se abraçavam
no final do julgamento em Belém.
Vitalmiro Bastos de Moura _ um dos acusados
de ser mandante do crime _ deverá ser julgado no primeiro semestre do ano que vem.
Raifran
das Neves Sales foi condenado a 27 anos de reclusão por atirar contra Ir. Dorothy,
de 73 anos. Clodoaldo Carlos Batista foi condenado a 13 anos, como cúmplice.
Nascida
em Ohio, Ir. Dorothy defendeu, por 30 anos, os direitos dos agricultores à terra,
e o meio ambiente. Quando morreu, estava organizando uma reserva federal, para que
famílias pobres tivessem o seu plantio, sem derrubar a floresta.
O governo
brasileiro e as Nações Unidas celebraram o julgamento como um primeiro passo para
acabar com a corrupção e a impunidade que alimentam a violência na Amazônia. Muitos
encaram a condenação do fazendeiro _ se isso acontecer _ como o verdadeiro teste nesse
sentido. (MZ)