Incrementar na Igreja a cultura das bem-aventuranças, apoiando a vida e o testemunho
do povo cristão: exortação do Papa às pessoas consagradas.
Testemunhar fielmente a alegria de amar a Deus de todo o coração – esta a exortação
dirigida por Bento XVI às pessoas de vida consagrada da diocese de Roma, congregadas
sábado na Aula Paulo VI, do Vaticano, no clima espiritual do Advento. Sublinhando
que os consagrados e as consagradas oferecem um testemunho peculiar da unidade e da
universalidade do Povo de Deus, o Papa agradeceu-lhes pelo empenho em enfrentar os
desafios que a cultura de hoje coloca à evangelização numa metrópole cosmopolita”
como é Roma.
Convidando a “uma corajosa fidelidade ao carisma” próprio, observou
Bento XVI: “Desde as origens, a vida consagrada sempre se caracterizou pela sede
de Deus. Que a vossa primeira e suprema aspiração seja, portanto, testemunhar que
há que escutar e amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças,
antes de toda e qualquer pessoa ou coisa. Não tenhais medo de vos apresentardes, mesmo
visivelmente, como pessoas consagradas, e procurar manifestar de todos os modos a
vossa pertença a Cristo, o tesouro escondido pelo qual deixastes tudo. Fazei vosso
o bem conhecido lema programático de São Bento: Nada antepor ao amor de Cristo”.
Evocando
a dimensão comunitária da vida e missão dos consagrados, Bento XVI exortou os religiosos
a empenharem-se a “realizarem comunidades fraternas”, mostrando que “graças ao Evangelho
mesmo as relações humanas se podem transformar, que o amor não é uma utopia, mas é
– isso sim – o segredo para construir um mundo mais fraterno”. Como recordam
os Actos dos Apóstolos, falando da fraternidade vivida nas comunidades primitivas,
“a difusão da Palavra é a bênção que o Padrão da messe dá à comunidade que toma a
sério o empenho de fazer crescer a caridade na fraternidade”.
Quase a concluir,
o Papa concluiu renovando aos consagrados o seu convite a um fiel e corajoso testemunho
dos conselhos evangélicos, contribuindo para incrementar na Igreja “a cultura das
bem-aventuranças”: “A Igreja tem necessidade do vosso testemunho , tem necessidade
de uma vida consagrada que enfrente com coragem e criatividade os desafios do tempo
presente. Perante o avançar do hedonismo, é-vos pedido o corajoso testemunho da castidade,
como expressão de um coração que conhece a beleza e o preço do amor de Deus. Perante
a sede de dinheiro, que a vossa vida sóbria e pronta ao serviço dos mais necessitados
recorda que Deus é a verdadeira riqueza que não perece. Perante o individualismo e
o relativismo, que levam as pessoas a ser norma única para si mesmas, a vossa vida
fraterna, capaz de se deixar coordenar e portanto capaz de obediência, confirma que
pondes em Deus a vossa realização. Bento XVI concluiu fazendo votos de que “possa
crescer na Igreja a cultura dos conselhos evangélicos, que é a cultura das Bem-aventuranças”.